Economia

Eleições da CTA em Cabo Delgado transformadas em teatro de manipulação

 

Por Quinton Nicuete

O que deveria ser um exercício democrático e transparente para escolher representantes do sector privado em Cabo Delgado está a ser descrito por empresários como uma fraude montada à medida de interesses obscuros. As eleições da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) na província são agora vistas como um espectáculo de manipulação e lobismo, onde o mérito empresarial pouco conta e onde prevalecem esquemas de bastidores.

Um dos casos mais gritantes é o da jovem Noémia Moisés, apresentada como candidata apesar de não possuir qualquer histórico empresarial. Empresários denunciam que ela não tem empresas registadas, não paga impostos, não tem colaboradores, nem sede formal. A sua entrada no processo terá sido viabilizada por meio de documentos alegadamente falsificados através de uma associação de camponeses, usada como fachada para fabricar legitimidade.

“Estamos perante um insulto ao empresariado. Todos sabem que a candidata não é empresária, vive de corretagem de terrenos e arrendamento de casas. E mesmo assim surge a concorrer, protegida por interesses que querem controlar a CTA através de figuras manipuláveis”, denuncia um empresário local.

Outro candidato é Mamundo Irache, ex-presidente do Conselho Empresarial Provincial, cuja participação é também vista como controversa. Empresários alertam para conflito de interesses, dado que membros da sua própria associação integram a comissão eleitoral, criando um ambiente de favorecimento descarado.

As suspeitas não se ficam pelas candidaturas. O caderno eleitoral, que deveria ser intocável, foi adulterado com a introdução de eleitores fora do prazo, alegadamente para garantir votos adicionais a determinados concorrentes. “Estamos perante um processo viciado, sem transparência nem ética. Isto não é eleição, é encenação”, lamenta outro empresário.

Mais grave ainda é o silêncio cúmplice da CTA-Central, que, apesar das queixas formais de várias associações locais, optou por ignorar as irregularidades. Para muitos, este comportamento confirma que a CTA está capturada por lobistas que usam a estrutura para defender interesses particulares e não o desenvolvimento económico da província.

“O que se passa em Cabo Delgado é um atentado à credibilidade da CTA. Não se trata apenas de irregularidades administrativas, mas de um processo orquestrado para manter a organização nas mãos de quem a manipula em benefício próprio. Estamos a falar de uma fantochada institucionalizada, que compromete a confiança dos verdadeiros empresários e mina a voz do sector privado”, acrescenta a mesma fonte.

Num momento em que Cabo Delgado precisa de uma CTA forte, capaz de apoiar a reconstrução e atrair investimento, a instituição está a ser reduzida a um palco de jogadas políticas e tráfico de influência. Empresários questionam até quando continuarão a assistir a este tipo de manobras sem consequências.

“Estamos cansados de ser figurantes num teatro de interesses. O empresariado de Cabo Delgado merece respeito. O que temos é uma CTA capturada, sem transparência, sem ética e sem rumo”, conclui um empresário indignado. Moz24h

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