Por Tiago J.B. Paqueliua
Centenas de estudantes da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Delegação de Nampula, denunciam terem sido impedidos de realizar exames, hoje dia 28 de Junho de 2025, sob a justificação de “situação irregular de propinas”, mesmo apresentando comprovativos de pagamento actualizados.
Segundo relatos recolhidos dos estudantes, inscritos nos cursos à distância, foram obrigados a pagar valores adicionais — descritos como subornos de até 1.500,00 meticais — para poderem entrar nas salas de exame. Quem recusasse, perdia o direito de avaliação de até seis cadeiras, ficando automaticamente reprovado ou obrigado a pagar taxas de recorrência fixadas em 700 meticais por disciplina.
Em alguns casos, como na Escola Secundária de Nampula, onde parte dos exames decorriam, foi chamada a Polícia da República de Moçambique para conter os ânimos e intimidar os estudantes, repetindo um padrão de repressão já conhecido em outras instituições públicas e privadas do país.
Fontes internas — incluindo docentes que pediram anonimato — garantem que estas práticas são habituais, sobretudo nos cursos à distância, frequentados por professores em exercício, público considerado mais vulnerável a pressões, pois precisa das notas para progressão na carreira.
Para os estudantes em causa, trata-se de uma “extorsão institucionalizada”: “Perdem notas de propósito, inventam irregularidades de propinas, exigem pagamentos duplicados. Se não pagarmos, somos reprovados e ainda temos de pagar recorrências. Isto é uma mina de dinheiro que funciona sem controlo algum, lamentou uma das finalistas que para o efeito teve que deslocar de Nacala Porto para o efeito, e que terá que regressar sem realizar exames.
As vítimas pedem para não serem identificado por medo de represálias, mas pretendem que o caso seja denunciado ao mais alto nível.
A indignação é maior por se tratar de uma instituição de ensino superior confessional, ligada à Igreja Católica Apostólica Romana, que publicamente professa valores de ética, moralidade e solidariedade cristã.
A tentativa de contactar as autoridades académicas da Delegação de Nampula resultou num fracasso.
Para muitos, este caso revela não só falhas graves na gestão académica, mas também omissão das autoridades governamentais, que mantêm o licenciamento de uma universidade alegadamente envolvida em esquemas de coacção e corrupção, sem qualquer responsabilização visível.
Os estudantes pedem agora a intervenção urgente da Nunciatura Apostólica, da Reitoria da Universidade Católica de Moçambique (UCM), do Ministério da Educação, do Senhor Governador da Província de Nampula, da Direcção Provincial de Educação, para que práticas como estas não continuem a manchar o nome da Igreja Católica nem a comprometer a formação de milhares de jovens e profissionais na República de Moçambique. (Moz24h)