O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) registou uma queda de 10,8% no terceiro trimestre de 2024, atingindo um montante de 947,9 milhões de dólares (59,9 mil milhões de meticais). Esta descida interrompe a trajectória de crescimento observada nos primeiros seis meses do ano e reflecte um abrandamento na entrada de capital estrangeiro, segundo dados do Banco de Moçambique, consultados esta quinta-feira (9) pelo Diário Económico.
No primeiro trimestre de 2024, o IDE situou-se nos 779,2 milhões de dólares (49,2 mil milhões de meticais), registando um aumento expressivo de 36,32% no segundo trimestre, quando alcançou 1 062,2 milhões de dólares (67 mil milhões de meticais). No entanto, a tendência positiva foi revertida no terceiro trimestre, com uma redução de 114,3 milhões de dólares (7,2 mil milhões de meticais).

A indústria extractiva manteve-se como o principal destino do IDE, absorvendo 905,3 milhões de dólares (57,2 mil milhões de meticais) no terceiro trimestre, impulsionada sobretudo pelos projectos de gás natural, carvão mineral, rubis, safiras e areias pesadas. Apesar disso, sectores como a indústria transformadora e a produção e distribuição de electricidade, gás e água registaram saídas líquidas de 21,6 milhões de dólares (1,3 mil milhões de meticais) e 4,6 milhões de dólares (290 milhões de meticais), respectivamente, evidenciando uma retracção nesses segmentos.
A agricultura também captou volumes reduzidos de investimento, situando-se nos 6 milhões de dólares (379,2 milhões de meticais), enquanto o turismo, representado pelo sector de alojamento e restauração, registou uma entrada modesta de 2,2 milhões de dólares (139 milhões de meticais).
“A indústria extractiva manteve-se como o principal destino do IDE, absorvendo 905,3 milhões de dólares (57,2 mil milhões de meticais) no terceiro trimestre, impulsionada sobretudo pelos projectos de gás natural, carvão mineral, rubis, safiras e areias pesadas”
A distribuição do IDE revelou uma forte concentração nos megaprojectos, que captaram 735,2 milhões de dólares (47 mil milhões de meticais) no terceiro trimestre, enquanto as restantes empresas receberam apenas 88,6 milhões de dólares (5,7 mil milhões de meticais).
Os suprimentos e créditos comerciais representaram a maior fatia do capital estrangeiro, totalizando 823,8 milhões de dólares (52,6 mil milhões de meticais), ao passo que as acções e participações somaram 124,1 milhões de dólares (7,9 mil milhões de meticais). Um dado relevante do período é a ausência de lucros reinvestidos, o que indica que as empresas estrangeiras não aplicaram os seus ganhos no País.
O Diário Económico continuará a acompanhar a evolução do investimento estrangeiro e os seus impactos na economia nacional. (DE)
Texto: Felisberto Ruco