A multinacional francesa TotalEnergies, responsável pelo projecto Mozambique LNG, um dos mais promissores de África, encontra-se numa fase preparatória para um possível recomeço das actividades ainda este ano na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.
Mas enquanto a “força maior” não é levantada, a major francesa prepara algumas mudanças na organização e irá nomear uma nova liderança para o projecto em Moçambique. Trata-se de Nicolas Cambefort, que já se encontra em Maputo, e assumirá o cargo em substituição de Stéphane Le Galles que, em poucos anos, criou uma vasta rede em Moçambique.
De acordo com o portal Africa Intelligence, Cambefort estava anteriormente baseado em Paris, França, onde era responsável pelo desenvolvimento de parques eólicos offshore da empresa. Este é o primeiro cargo que o engenheiro formado na École Nationale Supérieure d’Arts et Métiers irá ocupar em África.

Reinício da operação ainda dependente das questões de segurança
Para além do terrorismo em Cabo Delgado, Moçambique debate-se desde Outubro com uma crescente instabilidade pós-eleitoral, que obrigou ao encerramento de várias empresas, levando mais de 12 mil moçambicanos para o desemprego. Os protestos aos resultados das eleições gerais são convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Assim, a TotalEnergies fez saber que também está à espera de ver como o Presidente da República eleito, Daniel Chapo, vai lidar com a violenta crise política que já resultou em dezenas de mortes, bem como saber como o governante “vai trabalhar com os milhares de soldados ruandeses encarregados de proteger a província de Cabo Delgado.”
Espera pelo Financiamento dos EUA
As questões relacionadas com o financiamento também estão por detrás do atraso do reinício das actividades. No ano passado, o Banco de Exportação-Importação (Exim) dos Estados Unidos da América (EUA) adiou a sua decisão de conceder apoio financeiro ao projecto.
O regresso oficial do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca, a 20 de Janeiro, levará “inevitavelmente” à substituição de todo o conselho de administração da agência americana de crédito à exportação.
Entretanto, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, espera que a tendência pró-hidrocarbonetos da nova administração republicana facilite a validação da garantia do Exim Bank, visto tratar-se de um apoio essencial, tendo em conta que o banco de importação-exportação dos Países Baixos e outros estão também à espera de luz verde do seu homólogo americano antes de decidirem investir.
A ExxonMobil, que opera no mesmo local que a Mozambique LNG, na península de Afungi, em Cabo Delgado, espera tomar a sua decisão final de investimento na Rovuma LNG até ao final deste ano ou no início de 2026.
A empresa está à espera de receber os estudos Front End Engineering Design (FEED), cujo contrato foi adjudicado no final do ano passado à Technip Energies e à JGC Corp. A ExxonMobil está também a apoiar a TotalEnergies no seu acordo com o Exim Bank dos EUA para obter as garantias necessárias para o “Mozambique LNG.” (DE)