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“Ala oval da Casa Branca tornou-se num lugar de humilhação de lideres políticos”

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, confrontou o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, na Casa Branca, na quarta-feira, levantando algumas das questões mais controversas entre os dois países, incluindo as alegações de Trump de um “genocídio branco”.

A África do Sul nega que os brancos sejam desproporcionalmente alvos de crime, referindo que, embora as taxas de homicídios sejam elevadas, a grande maioria das vítimas são negras. Trump acusou ainda a África do Sul de confiscar terras de agricultores brancos e de incitar à violência contra eles através de “retórica odiosa e ações governamentais”.

O governo sul-africano rejeita estas alegações como imprecisas e defende que ignoram a história profundamente dolorosa do país de dominação colonial branca sob o apartheid.

Ramaphosa rebateu as acusações de Trump, com o objetivo de esclarecer os factos e reparar a relação tensa entre as duas nações — uma relação que está agora no seu ponto mais baixo desde o fim do apartheid, em 1994.

Na ocasião o empresário sul-africano Johann Rupert apelou na quarta-feira ao presidente dos EUA, Donald Trump, por ajuda para lidar com a crescente taxa de criminalidade na África do Sul, dizendo que a questão dos crimes violentos vai além dos agricultores brancos africânderes e afecta os cidadãos de todo o país.

“Temos muitas mortes, mas isso está generalizado”, disse Rupert a Trump durante uma reunião de alto nível na Casa Branca.

Não são só os agricultores brancos. Precisamos de ajuda tecnológica. Precisamos de Starlink em cada esquadra de polícia.

Rupert, fundador da Richemont e presidente da Remgro, fez os comentários durante uma reunião entre as autoridades sul-africanas e norte-americanas, com o objetivo de aliviar as crescentes tensões diplomáticas e económicas.

Apelou ainda ao uso de drones para combater o crime e a caça ilegal de animais selvagens.

“Na verdade, consegui doações de drones para os Parques da Paz para impedir a caça ilegal de elefantes e rinocerontes”, disse Rupert.

“Se nos puder ajudar, lembre-se, senhor, que o senhor e eu vivemos em Nova Iorque nos anos 70. Nunca imaginámos que Nova Iorque se tornasse naquilo que se tornou. Dois comissários, um presidente da câmara duro. Precisamos da sua ajuda para impedir estes horríveis assassinatos.”

Rupert descreveu como ele e outros cidadãos importantes ainda estão a construir casas na África do Sul, apesar das preocupações com a segurança.

“O Ernie está a construir uma casa em George. Eu estou a construir três chalés para os meus netos numa quinta nos arredores de Trafford”, disse.

“Muitas vezes deito-me sem trancar a porta.”

Destacou outros problemas sistémicos que contribuem para o crime, incluindo a imigração ilegal e o desemprego.

“Se realmente observarmos as nossas estatísticas, muitos destes assassinatos têm origem, em primeiro lugar, no desemprego e em agentes ilegais”, disse Rupert.

“Se não fizermos crescer a nossa economia, a cultura de dependência e ilegalidade aumentará.”

Rupert também refletiu sobre a sua história pessoal, referindo que se opôs ao apartheid e é frequentemente alvo de grupos políticos.

“Sou contra o apartheid a vida toda. E sou o alvo número um deles. Por favor, pesquise o meu nome e o Malema no Google. O senhor vai ver, senhor. Ele marchou até à minha porta.”

Criticou a liderança local, essencialmente o líder da Aliança Democrática, John Steenhuisen, por minimizar a gravidade da criminalidade no Cabo Ocidental.

“O senhor Steenhuisen não admite, mas ele comanda o Cabo Ocidental, onde eu vivo, e a maior taxa de homicídios é em Cape Flats, gangues. Temos guerras de gangues como a sua M-13. Temos equivalentes lá”, disse Rupert.

Apelou ao apoio tecnológico de Elon Musk e do governo dos EUA.

“Precisamos da sua ajuda, senhor. E precisamos da tecnologia do Elon.”

Entretanto, Ramaphosa fez eco das preocupações de Rupert e enfatizou a importância do comércio e do investimento na redução do crime e da desigualdade.

“Uma das áreas reais de apoio é o investimento”, disse Ramaphosa.

Precisamos de fazer crescer a nossa economia. Porque, através dela, conseguimos criar mais emprego. A criminalidade prospera realmente onde há desigualdade.

Destacou a parceria económica entre os dois países, mencionando a criação de emprego através do comércio entre os EUA e a África do Sul.

“Em virtude do que exportamos para vós, somos capazes de criar até 500.000 empregos na indústria automóvel, agricultura, mineração e outros setores”, disse Ramaphosa.

“E, à medida que as empresas sul-africanas investem aqui, vocês também criam emprego. É uma relação mutuamente benéfica.”

Ramaphosa disse que o principal objetivo da visita era fortalecer os laços de investimento.

“A nossa principal razão para estarmos aqui é fomentar o comércio e o investimento, para que possamos fazer crescer a nossa economia com o seu apoio”, disse.

“E para que também possamos resolver os problemas sociais. A criminalidade prospera quando as pessoas estão desempregadas, quando não têm esperança de ganhar a vida.”

Ramaphosa acrescentou: “O seu apoio, a sua parceria connosco, é o que realmente nos dará a forte capacidade de o fazer”.

Para o Jornalista e academico  Joanguete  Celestino na sua pagina do Facebook considera que   a ala oval da Casa Branca tornou-se num lugar de humilhação de lideres políticos

O Presidente Donald Trump pratica uma diplomacia que rompe com os princípios tradicionais do respeito mútuo e da negociação entre Estados. Sua atuação internacional frequentemente revela um padrão de desrespeito à diplomacia, em que líderes estrangeiros são convidados à Sala Oval não para diálogos construtivos, mas para exibições de poder e humilhação pública.

 

Esse espaço, historicamente associado à negociação e à solenidade institucional, converteu-se, sob sua condução, em um cenário de encenação autoritária, onde a cortesia é substituída pela imposição, e o protocolo, pelo espetáculo. Trump usa a presença da media como instrumento para fragilizar simbolicamente os seus homólogos, transformando encontros diplomáticos em demonstrações de patologia narcisista exacerbada.

 

O comportamento de Trump  compromete não apenas as relações exteriores dos Estados Unidos, mas também mina os fundamentos éticos e formais da diplomacia contemporânea, baseada na reciprocidade, na confiança e no respeito entre nações.

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