Por CF
As manifestações convocadas pelo candidato presidencial suportado pelo partido Podemos, Venâncio
Mondlane têm mostrado níveis de violência e brutalidade policial de arrepiar. O número de mortos é
revelador do facto da Polícia moçambicana estar a “atirar a matar” como já foi denunciado pela Ordem
dos Médicos de Moçambique. A Polícia não têm hesitado em disparar balas reais e também releva um
grau elevado de impreparação para lidar com as manifestações.
Esta quarta-feira, um blindado militar atropelou uma manifestante na Avenida Eduardo Mondlane, a principal avenida da cidade de Maputo. Apesar das autoridades militares terem classificado o atropelamento de “acidental” os factos mostram que o motorista do blindado nada vez para evitar o atropelamento.
Indignado com este facto, a advogado e primeiro presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Custódio Duma, escreveu á Procuradora-Geral da República, Biatriz Buchili, a pedir uma “intervençaõ urgente contra a escalada de violência policial e crimes cometidos por forças de defesa e segurança durante as manifestações”. Na sua carta, Duma, denuncia “baleamentos direccionados, detenções arbitrárias e actos de repressão desproporcional”. Apesar da violência policial estar ser denunciada através de vídeos nas redes sociais, a Procuradoria-Geral da República pouco ou nada faz para processar criminalmente os perpretadores da mesma.
O foco da Procuradoria-Geral da República tem sido a instauração de processos contra Venâncio Mondlane e o partido Podemos. Sabe-se que já foi instaurado um processo-crime contra o motorista da blindado que atropelou a manifestante, mas esta acção é uma gota no oceano tendo em conta o nível de violência policial que tem caracterizado a repressão às manifestações. Por outro lado, sabe-se que já foram feitas denúncias
ao Tribunal Internacional Penal contra altas patentes da Polícia moçambicana em virtude da violência
policial.
Por cá, a brutalidade policial levou a que o activista Wilker Dias submetesse uma queixa-crime contra o Comandante-Geral da República, Bernardino Rafael e contra o ministro do Interior, Pascoal Ronda. Por seu turno, o partido Podemos exigiu a demissão do Comandante -Geral da Polícia, do Chefe de Estado Maior-General e da Procuradora-Geral da República. (Moz24h)