Por CF
Durante os últimos 30 anos, a história política de Moçambique foi marcada por negociações e acordos
entra o Governo moçambicano e a Renamo. Os períodos pós-eleitorais foram sempre momentos de
tensão política. A Renamo, grosso modo, gritava fraude e acenava com os seu homens armados e
também, com os números de votos que supostamente a davam vitória ou, pelo menos, resultados
diferentes dos oficiais.
A história regista várias negociações entre o Governo moçambicano e Renamo, em períodos imediatamente a seguir a eleições. Como também, estão registados nos anais da história moçambicana, os vários acordos entre os Presidentes moçambicanos e as lideranças da Renamo. O último dos quais entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi e o líder da Renamo,Ossufo Momad. Este acordo trouxe consigo a componente de Desmoblização, Desarmamento e Reintegração. Por outras, palavras com o processo do DDR, a Renamo deixava de de ser um partido armado. Aliás, as eleições de 9 de Outubro foram as primeiras em que a Renamo foi como um partido civil.
Mas há um outro dado que serviu para a alteração do habitual staus quo. A entrada em cena de
Venâncio Mondlane como candidato presidencial, mudou a habitual lógica que marcava o cenário
político moçambicano. Antes da candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, os candidatos
presidenciais de Renamo tinham direito a um cativo segundo lugar. Venâncio Mondlane que saiu da
Renamo, roubou a Ossufo Momad o habitual segundo lugar dos candidatos presidencias do partido da
perdiz que ficou assim, sem margem para negociações ou reivindicações.
Com Venâncio Mondlane, veio o partido Podemos que os resultados oficiais das eleições de 9 indicam
que que deverá ser a segunda força política no cenário político moçambicano. O que significa que a
Renamo fica num inédito terceiro lugar o que reduz a sua margem de manobra e de negociação. Como
também retira a Ossufo Momad as regalias a que o líder do segundo partido mais votado tem direito.
Vale a pena dizer que a posição de líder do segundo partido mais votado davam a Ossufo Momad
recursos que permitiam-lhe alargar a sua legitimidade dentro do seu partido político. Sem armas, sem
votos, a Ossufo Momad só resta sair de cena. (Moz24h)