Sociedade

PRM diz que apenas dois dos quatro linchados em Chiúre eram militares

 

Pemba, Cabo Delgado – A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou a morte de quatro pessoas no distrito de Chiúre, na sequência de actos de justiça popular protagonizados por milícias Naparamas. Segundo a porta-voz do Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado, Eugénia Nhamussua, “militares foram mortos pelos Naparamas, no distrito de Chiúre, em Cabo Delgado. Ainda na mesma província, dois cidadãos foram linchados pela população por serem considerados estranhos numa zona que, há poucos dias, foi alvo de ataques terroristas.”

A declaração oficial não especifica as identidades de todos os mortos, mas refere dois militares e dois civis. No entanto, fontes locais e próximas às FDS garantem que os quatro mortos eram efectivos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), destacados no quartel de Macarara, distrito de Ancuabe. As mortes ocorreram na manhã do dia ,27 de Julho passado, nas aldeias de Namavulo e Nivenevene, no posto administrativo de Ocua.

De acordo com testemunhos recolhidos no terreno, os militares encontravam-se em missão de reconhecimento. Dois deles chegaram à aldeia de Nivenevene por volta das 5h00, numa motorizada, enquanto os outros dois esperavam no cruzamento de Namavulo. Ambos os grupos foram interpelados por Namparamas e populares, que exigiram a sua identificação. Perante a recusa, foram capturados.

Na aldeia de Nivenevene, os dois primeiros soldados foram aconselhados por um residente a procurarem informações junto das milícias Namparamas sobre movimentos dos insurgentes. Porém, os militares terão desviado o percurso, alegadamente para recolher imagens junto à escola local e a uma barraca, atitude que despertou suspeitas. Acabaram detidos e levados para o interior de uma residência, onde aguardariam a chegada das autoridades. Contudo, devido à crescente tensão popular e ameaças de incendiar a casa, o proprietário decidiu entregá-los ao grupo armado, que os agrediu com paus, catanas e outros objectos, antes de os queimar.

Os outros dois militares, capturados em Namavulo, foram submetidos a tortura até à morte e os seus corpos também incinerados.

As milícias Namparamas acusaram os quatro homens de serem infiltrados a soldo dos insurgentes, em missão de espionagem para preparar um eventual ataque à aldeia.

Os corpos foram removidos por uma equipa da PRM e encontram-se na morgue do Hospital Distrital de Chiúre, à espera dos trâmites legais para as cerimónias fúnebres.

Entretanto, no mesmo dia, dezoito membros das milícias Namparamas ficaram mortos e dois feridos numa emboscada armada por insurgentes na aldeia de Milija, também em Ocua, durante uma tentativa de travar um novo ataque.

Populares relataram ainda que os insurgentes já atravessaram a Estrada Nacional n.º 1 e continuam a movimentar-se dentro do território de Ocua, com direcção ao distrito de Namuno.

A situação de segurança em Chiúre tem-se deteriorado desde o ataque da última quinta-feira, quando insurgentes ocuparam temporariamente o posto administrativo de Chiúre Velho e hastearam a bandeira do autoproclamado Estado Islâmico no posto policial local. Esta segunda-feira, novos ataques foram reportados em diversas aldeias do distrito.

Apesar da gravidade da situação, a resposta das Forças de Defesa e Segurança (FDS) tem sido considerada lenta. Fontes ligadas ao sector da defesa indicam que um contingente militar está a ser mobilizado a partir de Maputo e deverá chegar a Chiúre ainda esta semana, numa tentativa de conter a escalada da violência e restaurar a ordem na região. Moz24h

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *