Por Quinton Nicuete
Pemba – Jovens da província de Cabo Delgado levantaram ontem, segunda-feira, sérias preocupações sobre a forma como estão a ser conduzidos os processos de selecção de projectos de financiamento destinados à camada juvenil, acusando as autoridades de falta de clareza, favoritismo e exclusão.
Em declarações à imprensa, vários jovens manifestaram frustração pelo facto de a reprovação de projectos não vir acompanhada de justificações, o que, segundo defendem, mina a confiança e desmotiva os proponentes. Apelam, por isso, a que os critérios sejam transparentes e que sejam dadas explicações detalhadas sempre que uma candidatura não seja aprovada.
“Participamos em workshops, em mesas redondas, onde nos prometem financiamento, oportunidades e até emprego. Mas no final não sentimos impacto nenhum. Se os nossos projectos são rejeitados, não recebemos feedback sobre o que falhou ou onde devemos melhorar. Apenas dizem que não fomos aprovados e ficamos sem explicação”, desabafou Tânia Minrage, jovem participante.
Outro jovem, Jonas Seguro, residente em Pemba, criticou a discrepância entre os discursos oficiais e a realidade: “O que deve melhorar é a própria transparência. Organizam workshops sobre oportunidades de financiamento e bolsas de estudo, mas no dia seguinte nada do que foi definido é cumprido. Submetemos projectos, mas o retorno é quase nulo. É frustrante.”
Face a estas acusações, Jonas Abujate, director provincial da Juventude, Emprego e Desporto reconheceu os desafios e apelou aos jovens para assumirem uma postura mais activa como criadores de soluções, destacando que o desenvolvimento da província e do país depende também do dinamismo da juventude.
O debate decorreu no âmbito da Mesa Redonda Provincial da Juventude, promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), integrada nas comemorações dos 30 anos do Programa Mundial de Acção para a Juventude.
No encerramento do encontro, o Governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, exortou os jovens a buscarem conhecimento e inovação para responder aos desafios do presente: “Os adolescentes e jovens têm a responsabilidade de continuar a procurar experiências, boas práticas e exemplos junto dos mais velhos, transformando essas aprendizagens em acções concretas para o desenvolvimento da nossa sociedade.”
A insatisfação da juventude, contudo, lança um alerta preocupante sobre a necessidade urgente de maior transparência e responsabilização na gestão de programas de apoio, sob pena de se perder a confiança de uma geração que insiste em exigir voz activa nos processos de decisão. Moz24h