Cultura

Funcionários de Cultura e Turismo em Cabo Delgado lançam grito de socorro: denunciam corrupção, maus-tratos e abandono

 

Por Quinton Nicuete

Cabo Delgado – Um grito de desespero ecoa da Direção Provincial de Cultura e Turismo de Cabo Delgado. Funcionários da instituição e das direções subordinadas enviaram duas cartas explosivas à nossa redação, denunciando maus-tratos, abandono, discriminação, falta de transparência, corrupção e até assédio tolerado pela atual dirigente.

“Socorro, socorro, socorro”, abre dramaticamente o documento, resumindo o estado de indignação e desespero dos trabalhadores.

Os funcionários relatam ausência total da dirigente nos gabinetes, em eventos do setor e na interação com a maioria dos subordinados. Apenas alguns elementos do coletivo recebem atenção, criando um ambiente de discriminação e favoritismo.

“Não sabemos se somos da função pública ou de uma empresa privada. Estamos fora do sistema, sem visitas da dirigente, sem reuniões, sem comunicação. Não há nada, não há nada, não há nada”, escrevem.

Segundo as cartas, desde 2021, em datas festivas como o Dia da Função Pública ou o Dia Mundial do Turismo, os funcionários permanecem no serviço sem sequer água ou condições mínimas, enquanto a dirigente concentra para si todos os benefícios.

“Só ela admira tudo e nem sequer sabe o valor, porque seria receita do Estado”, denunciam.

Entre os relatos mais graves, os trabalhadores acusam a dirigente de tolerar casos de assédio e envolvimentos íntimos entre colegas, além de não intervir em situações de cobrança indevida dentro da instituição. Nenhuma medida disciplinar foi tomada, nem os superiores foram informados.

Outros pontos críticos incluem, a ausência total de iniciativas da dirigente, falta de reuniões, comunicação e transparência, discriminação na aproximação com subordinados, apropriação de benefícios que deveriam ser partilhados com os trabalhadores e tolerância face a condutas ilícitas ou antiéticas no interior da instituição.

No documento, os funcionários apelam diretamente ao Governador da província, solicitando a remoção urgente da dirigente, argumentando que a manutenção da atual liderança compromete o funcionamento do setor.

“Pedimos para movimentar a dirigente para outra direção, afim de termos um Estado com condições, que nos dirija bem. Estamos a viver uma situação insustentável”, concluem.

As cartas foram assinadas simplesmente como “funcionários”, mas refletem uma ampla insatisfação e medo de represálias, ao mesmo tempo que denunciam a degradação de um setor estratégico para a cultura e o turismo em Cabo Delgado.

Até ao fecho desta edição, não foi possível obter comentário da dirigente visada nas denúncias. Moz24h

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