Por Quinton Nicuete
O concurso público de 130 milhões de meticais voltou a colocar o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito Albino, no centro de uma polémica grave. A vencedora, Future Technologies of Mozambique S.A., nasceu há apenas quatro meses. Uma empresa criança, sem experiência, sem histórico no mercado e sem registo na base da Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições. E ainda assim ganhou o contrato.
O escândalo levanta sérias suspeitas de conflito de interesses. A Future Technologies foi criada pela Flamingo Investimentos Lda. e por Paulo Aad Júnior, filho do antigo governador de Tete. A Flamingo já tinha parcerias com Roberto Mito Albino, incluindo a criação da Donawafika Investimentos Moçambique S.A., em 2015. Ligações familiares e políticas que não podem ser ignoradas.
A proposta da empresa era a mais cara entre os concorrentes. Técnicos e especialistas em direito público questionam a legalidade. Há sinais claros de abuso de cargo, tráfico de influências, uso de informação privilegiada e participação económica direta em negócio. Um golpe à transparência e à integridade no setor público.
O Centro de Integridade Pública (CIP) exigiu investigação imediata ao Gabinete Central de Combate à Corrupção. É urgente apurar irregularidades e responsabilizar quem beneficiou o processo indevidamente.
O episódio é alarmante. Mostra como cargos públicos podem ser usados para favorecer interesses privados. Coloca em risco a credibilidade do Estado e desafia as autoridades a agir antes que a confiança dos cidadãos se perca de vez. Moz24h