Sociedade

Desorganização marca comemorações do Dia dos Massacres de Mueda e lançamento do metical

A cerimónia nacional em Mueda, província de Cabo Delgado, programada para esta segunda-feira, 16 de junho, em celebração ao Dia dos Massacres de Mueda e ao lançamento do metical, ficará marcada pela desorganização enfrentada pelos profissionais da comunicação. O evento, que será dirigido pelo Presidente da República, Daniel Chapo, foi antecedido por promessas de logística completa, mas no terreno a realidade foi outra.

Chegando à vila municipal de Mueda, jornalistas e outras delegações encontraram-se sem orientações, sem apoio financeiro, sem transporte adequado e sem alojamento definido ou melhor, todos a sua sorte, embora os assessores oficiais permanecessem em silêncio.

Um jornalista destacou o desrespeito a que foram submetidos: as promessas de apoio nunca se concretizaram, e a falta de dinheiro inicial impediu que pudessem sequer providenciar refeições ou pagamento de alojamento. Outro profissional questionou a dignidade da categoria, afirmando que nunca mais sairia de Pemba sem garantias de pagamento, porque “não somos mendigos, somos dignos de respeito”. Qual o plano de amanhã?

A situação tornou-se ainda mais polémica com uma denúncia feita num grupo oficial de imprensa do Governador de Cabo Delgado. Um jornalista revelou que os órgãos estatais receberam 13.800 meticais de ajuda de custo, enquanto os privados receberam apenas 7.800 meticais — uma diferença gritante e injustificável.

“Os órgãos estatais receberam quase o dobro. E os privados? Apenas 7.800 meticais, que não cobrem estadia nem alimentação. Que critérios são estes? Estamos aqui todos pelo mesmo trabalho.”

Além disso, ficou evidente a exclusão dos jornalistas freelancers, pois muitos foram excluídos de ir participar na cobertura do evento. Esse facto agrava as dúvidas sobre a liberdade de imprensa e reforça a sensação de selectividade por parte do poder provincial e central em relação à cobertura de eventos públicos.

O 16 de junho é data histórica em Moçambique. Em 1960, em Mueda, aconteceu um massacre em que centenas de pessoas foram mortas pelas forças coloniais portuguesas durante um protesto nacionalista.

Apesar do simbolismo e importância histórica da data, a desorganização do evento comprometeu a dignidade institucional exigida para celebrações desta natureza. A falta de respeito para com os jornalistas revela um padrão crónico na organização de eventos oficiais em distritos do interior, onde promessas não se traduzem em real apoio, e a liberdade de imprensa continua vulnerável.

Para as celebrações de amanhã, é imperativo que as autoridades retomem o controle da logística, garantam apoio material e monetário, assistência alimentar, transporte, alojamento e, sobretudo, reconheçam a importância de um regime de imprensa plural e respeitado. Somente assim será possível que o Dia dos Massacres de Mueda e o lançamento do metical sejam celebrados com a solenidade e respeito histórico que merecem. (Moz24h)

 

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