A mineradora australiana MRG Metals Limited anunciou, na sexta-feira (17), a descoberta de um potencial depósito aluvial de terras raras em Moçambique. Embora os resultados ainda sejam preliminares e exijam mais trabalhos de exploração, a revelação coloca o País da África Austral como um novo e promissor centro na produção destes metais, cujo fornecimento global é amplamente dominado pela China.
A perfuração realizada pela MRG Metals, na província de Sofala, revelou concentrações significativas de minerais pesados. A empresa explicou que esta fase sucede a uma campanha anterior de amostragem, na qual foram registadas até 32,4 mil partes por milhão (ppm) de óxidos de terras raras totais (TREO) – um indicador do elevado potencial mineral da região.
Demonstrando um interesse crescente em Moçambique, a mineradora australiana anunciou também que submeteu pedidos de licença para novas áreas de prospecção. “Com os próximos passos bem definidos, estamos bem posicionados para passar da fase inicial de amostragem para a definição de um recurso que pode criar valor a longo prazo para os accionistas”, afirmou Andrew Van Der Zwan, presidente da MRG Metals.
A descoberta em Sofala surge num momento em que outro projecto de terras raras em Moçambique ganha destaque: o Monte Muambe, liderado pela britânica Altona Rare Earths. O estudo exploratório publicado em Outubro de 2023 revelou que uma futura mina poderá produzir, em média, 15 mil toneladas de carbonato de terras raras mistas por ano, durante 18 anos de vida útil.
Este projecto, ainda em fase de pré-viabilidade, apresentou resultados financeiros promissores, com um valor presente líquido (VPL) estimado, após impostos, em 283 milhões de dólares (equivalentes a 17,9 mil milhões de meticais) e uma taxa interna de retorno (TIR) de 25%. Enquanto as operações comerciais não se iniciam, Moçambique já exporta pequenas quantidades de monazita – mineral que contém terras raras – através da mina de Moma, operada pela Kenmare Resources.
Perante este cenário, os Estados Unidos da América e a União Europeia procuram diversificar o fornecimento e reduzir a dependência chinesa. Ao desenvolver os seus próprios recursos, Moçambique pode assumir um papel importante nesse esforço global. Segundo a Benchmark Mineral Intelligence (BMI), oito projectos africanos de terras raras – incluindo o de Moçambique – deverão entrar em produção até 2029, o que poderá garantir ao continente cerca de 9% do abastecimento mundial dentro de quatro anos.
Fonte: Ecofin
