Economia

Banco Central Anuncia Medidas Para Garantir “Maior Fluidez” no Mercado Cambial. Saiba Quais São

De acordo com o governador do banco central, Rogério Zandamela, as acções em curso visam “ajustar” o funcionamento do mercado cambial sem alterar o montante global de liquidez disponível no sistema. “Essas medidas não são mais nada que ajustar certos recursos”, afirmou o responsável, durante a conferência de imprensa que marcou o encerramento da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO), realizada em Maputo.

Entre as principais medidas destacam-se a redução dos limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos comerciais e o aumento da taxa mínima de conversão obrigatória das receitas de exportação, de 30% para 50%. Esta última acção permitirá, segundo o governador, “aumentar a disponibilidade de moeda estrangeira (divisas) no mercado e facilitar as transacções dos operadores económicos”.

A título de exemplo, para cada mil dólares (63 mil meticais) em receitas de exportação, os bancos passam a ser obrigados a converter, no mínimo, 500 dólares (31 500 meticais) em moeda nacional, contra os anteriores 300 dólares (18 900 meticais), reforçando assim a oferta interna de divisas.

As acções em curso visam “ajustar” o funcionamento do mercado cambial sem alterar o montante global de liquidez disponível no sistema

Questionado pelos jornalistas sobre as persistentes dificuldades de acesso a divisas enfrentadas por vários sectores, o responsável explicou que o problema não reside na escassez agregada de moeda estrangeira, mas sim na forma como esta está distribuída entre diferentes segmentos da economia. “Essas medidas que nós estamos a tomar, na realidade, não afectam o agregado, mas a distribuição de como é que essa liquidez se distribui entre os vários segmentos do nosso sistema”, referiu.

 

Entretanto, o Presidente da República, Daniel Chapo, criticou recentemente a actuação de alguns bancos comerciais, acusando-os de “criar escassez” de divisas para obter ganhos especulativos. “Quando há escassez da moeda estrangeira, começa-se a transformar esse problema em oportunidade de negócio. Não há uma verdadeira escassez”, declarou Daniel Chapo, no dia 15 de Julho, durante um encontro com empresários em Sofala.

Na mesma ocasião, o chefe do Estado pediu ao Banco de Moçambique uma “política cambial transparente”, que permita aos empresários aceder às divisas de forma equitativa, e criticou a alegada priorização de distribuição de divisas para dividendos ou salários do sector financeiro, em detrimento das importações essenciais.

O responsável explicou que o problema não reside na escassez agregada de moeda estrangeira, mas sim na forma como esta está distribuída entre diferentes segmentos da economia

Confederação das Associações Económicas (CTA) alertou em Fevereiro para os impactos da limitação de divisas em sectores como saúde, aviação, combustíveis e produtos alimentares. As preocupações foram reiteradas pelos empresários durante o encontro com um Presidente da República.

Apesar do cenário de pressão, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) do País atingiram em Maio o valor mais elevado dos últimos quatro anos, com 3,8 mil milhões de dólares (240,1 mil milhões de meticais), o que corresponde a uma cobertura de mais de três meses das necessidades estimadas de importações, segundo dados do banco central.

As reservas registaram uma recuperação consistente ao longo de três meses consecutivos: cresceram 1% em Março para 227,2 mil milhões de meticais (3,6 mil milhões de dólares), 4,3% em Abril e mais 1,5% em Maio, consolidando a capacidade do País de suportar choques externos e responder à procura cambial interna. (DE)

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