Por Quinton Nicuete
O distrito de Ancuabe, em Cabo Delgado, vive momentos de tensão no sector da Educação após uma onda de denúncias anónimas a circular nas redes sociais, acusando dirigentes locais de corrupção, perseguições internas e favorecimento familiar. O Administrador distrital, Belmiro Casimiro, veio a público negar categoricamente as acusações, classificando-as de caluniosas.
Tudo começa quando várias denúncias, publicadas em diferentes momentos na página “Unay Cambuma 7Vidas”, acusam o director distrital da Educação, Alberto Silvestre Maguny, o chefe dos Recursos Humanos, Eduardo Victor Lihane, e a chefe da Repartição da Educação, Rosa Amade, de alegadamente estarem envolvidos num esquema de venda de vagas para promoção de professores a directores, com valores que variariam entre 80 e 150 mil meticais. Há ainda relatos de transferências sem guias oficiais e de que professores seriam obrigados a pagar quantias simbólicas, como 100 mil meticais, para ascenderem a cargos de chefia.
As publicações referem igualmente que, no concurso de novos ingressos, constariam nomes “encomendados”, incluindo o da esposa do Administrador distrital, actualmente a trabalhar no sector privado em Pemba, que foi apurada para uma vaga de docência e aguarda o processo de afectação, o qual indica que deverá dar aulas na Escola Secundária de Ancuabe.
A mesma página acusa ainda os dirigentes de manterem um alegado relacionamento amoroso, resultando em perseguições internas e transferências de funcionárias, além de tentativas de favorecer familiares em processos de contratação.
Face ao escalar das acusações, o Administrador de Ancuabe, Belmiro Casimiro, foi obrigado a intervir tendo convocado uma reunião urgente com os funcionários do sector.
De acordo com uma nota publicada na página oficial do Governo do Distrito, em 26 de Agosto, o dirigente repudiou veementemente a utilização das redes sociais para “difamar e caluniar” responsáveis locais. Na leitura das suas declarações, em vez de exigir a intervenção do Ministério Público, Casimiro desmentiu as denúncias e defendeu os dirigentes acusados.
Na mesma comunicação, Casimiro sublinhou que as redes sociais estão a ser utilizadas para desestabilizar o funcionamento da máquina pública e apelou a uma maior ética, disciplina e lealdade institucional.
Apesar da posição oficial, mantém-se um clima de tensão. Funcionários acusam as chefias de má gestão e perseguições, enquanto o governo insiste em denunciar campanhas caluniosas.
A comunidade exige já uma investigação independente e a responsabilização dos envolvidos. Moz24h