Internacional

Violência Pós-Eleitoral na Tanzânia: Deixa Centenas de Mortos e Levanta Dúvidas sobre Credibilidade do Escrutínio

Foto: DW

 

Por Quinton Nicuete

Centenas de pessoas perderam a vida nos últimos dias na Tanzânia em consequência de violentos protestos que eclodiram após as eleições gerais de quarta-feira, marcadas por fortes suspeitas de fraude.

O principal partido da oposição, Chadema, acusa o governo de manipular os resultados e aponta para cerca de 700 mortos em confrontos com as forças de segurança. Fontes diplomáticas, contudo, indicam um número ligeiramente inferior, pelo menos 500 vítimas mortais, embora a dimensão real da tragédia permaneça incerta devido ao apagão da Internet em todo o país.

Face à escalada da violência, o governo reforçou a presença militar nas ruas e impôs um recolher obrigatório alargado. No dia das eleições, registaram-se confrontos em várias cidades, onde a polícia recorreu a gás lacrimogéneo e munições reais para dispersar manifestantes.

As denúncias de repressão intensificaram-se com relatos de prisões arbitrárias, perseguições e raptos de membros da oposição e ativistas. Hospitais e morgues em Dar es Salaam estão sobrelotados, e a ausência de comunicação oficial dificulta a verificação independente dos números.

Em declarações à BBC, John Kitoka, dirigente do Chadema, afirmou que “os massacres acontecem à noite, longe dos olhares do público”, denunciando uma repressão “impune” e o exílio forçado de vários líderes opositores.

A comunidade internacional reagiu com preocupação. As Nações Unidas e os governos do Reino Unido, Canadá e Noruega apelaram à contenção das forças de segurança e ao respeito pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão.

Apesar do cenário de contestação, a Comissão Eleitoral anunciou a vitória expressiva da presidente Samia Suluhu Hassan, com 97,6% dos votos, garantindo-lhe um novo mandato de cinco anos. O resultado reforça o domínio histórico do Partido Revolucionário da Tanzânia (CCM), no poder desde a independência em 1961.

Na região semi-autónoma de Zanzibar, o candidato do CCM, Hussein Mwinyi, obteve cerca de 80% dos votos, mas a oposição denunciou uma “fraude em massa”. As manifestações na ilha provocaram o cancelamento de voos e o bloqueio de turistas no aeroporto local.

A crise eleitoral tanzaniana ameaça agravar a instabilidade política no país e compromete a confiança internacional num processo democrático que, segundo observadores, “carece de transparência e justiça”. (Moz24h)

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