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População de Balama diz que as FDS não fazem nada e exige respostas eficazes

Foto: Estacio Valoi

 

Por Quinton Nicuete

A população do distrito de Balama, no sul da província de Cabo Delgado, manifesta crescente descontentamento face à fraca actuação das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na resposta aos ataques terroristas que continuam a ameaçar a região. Na semana passada, grupos armados atacaram as comunidades de Mpaka e Tatango, no posto administrativo de Mavala, provocando destruições e o deslocamento de várias famílias.

“Fomos atacados e muitas famílias refugiaram-se aqui na sede distrital. Os nossos militares foram ao local, mas regressaram logo depois, prometendo voltar, o que nunca aconteceu”, relatou um morador de Balama, visivelmente frustrado com a ausência de uma resposta contínua.

Outro residente, referindo-se ao prolongado tempo de permanência dos atacantes, afirmou que os terroristas permaneceram dois dias nas machambas de Tatango, saqueando alimentos e bens da população. Durante o ataque, foram incendiadas uma igreja e a casa de um pastor, além de um jovem ter sido alvejado e evacuado para o Hospital Rural de Montepuez.

O distrito de Balama, conhecido como a “terra do ouro branco”, tem sido alvo recorrente de incursões. Dias antes dos últimos ataques, as aldeias de Messalo e Monapo também foram atingidas, resultando em mortes e destruição de propriedades.

O administrador distrital de Balama, Edson Lino, confirmou o mais recente ataque, ocorrido na manhã de quinta-feira passada, na localidade de Empaca, no mesmo posto administrativo de Mavala. Lino afirmou que a rápida intervenção das forças locais e FADM “repeliu o inimigo”, evitando, segundo disse, uma tragédia maior. No entanto, há registos de uma igreja e de uma residência incendiadas, bem como relatos de sequestros de civis.

Apesar da declaração oficial, a população continua a expressar dúvidas sobre a eficácia das FDS, apontando para uma actuação reativa e pouco coordenada. “Os terroristas atacam e demoram-se nas aldeias, enquanto as forças recuam para as sedes. Falta presença, estratégia e meios de defesa”, lamentou um outro habitante.

O analista e activista social Abudo Gafuro, ao fazer uma retrospectiva crítica dos oito anos de terrorismo em Cabo Delgado, descreveu a situação como “uma tragédia prolongada sem respostas estruturadas”. Para ele, os ataques persistentes demonstram a fragilidade do sistema de segurança e a ausência de soluções sustentáveis. “Os terroristas continuam a matar inocentes, a destruir aldeias e a forçar deslocações massivas. O mais preocupante é a aparente normalização do horror”, alertou.

Gafuro destacou ainda a evolução do modus operandi dos insurgentes, que agora recorrem a ataques domiciliares, citando exemplos recentes em Mocímboa da Praia e Macomia, onde foram assassinadas treze pessoas, nove no primeiro distrito e quatro no segundo. O activista reconheceu as palavras do Presidente da República, que defendeu a abertura ao diálogo, mas questionou: “Com quem dialogar? Quem são estes grupos e como continuam a reforçar as suas incursões? É urgente que o Estado esclareça”.

Num tom de apelo, Gafuro defendeu uma maior colaboração entre as FDS e a população, pedindo “respostas rápidas, estratégias claras e equipamentos de rastreio para monitorar os movimentos dos insurgentes”. “Quantos já morreram, foram deslocados ou vivem em vulnerabilidade extrema? São milhões de crianças sem futuro e milhares sem acesso à educação. É hora de olhar para este problema com humanismo, e não apenas com lentes políticas”, concluiu. Moz24h

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