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De Calçadão para Escuridão: O Abandono do Passeio Marginal de Pemba Agrava Exploração de Menores

Por Quinton Nicuete

Pemba, Cabo Delgado – 17 de Julho de 2025: O que em tempos foi um símbolo de modernização urbana e orgulho para os habitantes de Pemba, transformou-se hoje num espaço de escuridão, abandono e risco social. O calçadão da avenida marginal, outrora frequentado por famílias, desportistas e turistas, encontra-se às escuras, sem iluminação pública, e em processo de deterioração avançada, facto que tem vindo a causar grande indignação entre os munícipes.

A falta de luz ao longo do calçadão não só compromete a segurança pública como também transformou o local num foco de práticas preocupantes, incluindo a crescente presença de raparigas menores de idade envolvidas em situações de prostituição. À medida que o sol se põe e a escuridão toma conta do espaço, adolescentes são vistas circulando sozinhas ou em grupos, aliciadas por indivíduos mais velhos, aproveitando-se da ausência de policiamento e da negligência institucional.

“É inadmissível que uma infraestrutura construída com fundos públicos esteja neste estado. Em vez de ser um ponto turístico e de lazer, virou uma zona de risco, tomada por práticas que colocam crianças em perigo”, lamenta Joana Momade, residente no bairro Eduardo Mondlane. Para muitos, a situação evidencia o fracasso da edilidade em garantir a manutenção básica de um dos maiores patrimónios urbanísticos da cidade.

A degradação é visível: postes sem lâmpadas, cabos expostos, lixo acumulado e bancos quebrados. À noite, o cenário é sombrio e assustador. A ausência de iluminação pública não só alimenta o sentimento de insegurança, mas também facilita a prática de actos ilícitos e o aliciamento de menores para exploração sexual.

Segundo relatos de moradores e pequenos comerciantes da zona, a situação arrasta-se há vários meses sem qualquer sinal de intervenção por parte das autoridades municipais. “Contactámos a edilidade, mas ninguém nos dá resposta. Eles aparecem só em época de campanhas, prometem tudo, e depois somem. Isso é desonestidade”, denuncia Alberto Nhampule, comerciante local.

A responsabilidade recai sobre o Conselho Municipal de Pemba, que, segundo os munícipes, tem mostrado uma gestão ineficaz e desconectada das prioridades da população. “Não podemos aceitar que uma obra de tamanha importância social e turística seja deixada ao abandono. Precisamos de respostas concretas, e acima de tudo, de uma reabilitação urgente”, afirma Celestino Ussene, residente da zona da Marginal.

Enquanto isso, os jovens da cidade, privados de espaços seguros de lazer e convivência, acabam por ser empurrados para ambientes perigosos, onde proliferam redes de exploração. A falta de investimento em iluminação e segurança representa não apenas um problema de infraestrutura, mas uma grave violação dos direitos de crianças e adolescentes, que se tornam as principais vítimas desse descaso.

Diversas organizações da sociedade civil já alertaram para a necessidade de medidas urgentes. Algumas propõem campanhas comunitárias de sensibilização e a criação de grupos de vigilância cidadã, enquanto pressionam as autoridades para uma resposta institucional firme.

O silêncio da edilidade continua a ser motivo de revolta e desconfiança. Os munícipes exigem não apenas a reposição da iluminação pública, mas também um plano abrangente de reabilitação, com patrulhamento regular, iluminação eficiente, valorização cultural e integração social.

Se nada for feito, o calçadão de Pemba, que um dia foi sinónimo de progresso, corre o risco de tornar-se um símbolo permanente do abandono urbano e da falência das políticas públicas de protecção social. Moz24h

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