Por João Mosca
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RESUMO
Este texto faz uma reflexão sobre a natureza das relações sociais e de poder nas sociedades “tradicionais” e “modernas”, as lutas de ocupação com as interétnicas, as lógicas intrafamiliares e suas conexões com os mecanismos de poder, a organização das burocracias, alianças políticas e económicas, a ocupação nas burocracias “modernas”, especificando quais os vectores de mudança. Analisa-se, particularmente, as relações socioculturais e económicas estabelecidas, as vantajosas, tanto para as forças externas coloniais (principalmente), como para os interesses das elites internas “tradicionais”. A violência, física, psicológica, política e institucional, funciona como meio para se alcançar e reproduzir o poder.
Em síntese, pode-se afirmar que a elite moçambicana e africana, em geral, e suas variantes ao longo de séculos, tiveram três fios condutores; (1) o poder; (2) a força (violência) como principal instrumento de defesa e reprodução do poder; (3) processos de integração política e económica funcionais entre a colonização e as sociedades tradicionais e suas elites, com benefícios internos (embora menos vantajosos em relação aos obtidos pelos interesses externos), tornando a economia crescentemente integrada no mundo, o que se designa por globalização. Como resultado destes processos, foi-se configurando uma sociedade e economia dependentes e subdesenvolvidas; (4) as tradições das “sociedades tradicionais” foram influenciadas pelo “modernismo”, mas mantiveram muitas das suas características culturais, sociológicas, como, por exemplo, a centralidade da dimensão religiosa, o vínculo de grupo (família, região, etnia, etc.), a noção de tempo, o conhecimento (idosos, feiticeiros, curandeiros), a memória colectiva, expressa, por exemplo, nos mitos e ritos.
No caso de Moçambique de hoje, observa-se, claramente, os vínculos família-etnia-região-religião nos grupos de poder político e económico e uma relação de interesses convenientes com o “exterior”.
https://omrmz.org/destaque_rural/dr-341-das-elites-tradicionais-as-modernas-em-mocambique/
