Num comunicado divulgado pelo Engineering News, a entidade explicou que chegou a um acordo formal com agricultores e autoridades governamentais em Abril, o que levou a maioria dos manifestantes a interromper as acções ilegais em Balama, acrescentando que, no entanto, um pequeno grupo de pessoas continuou a bloquear o acesso ao local “sem motivo legítimo”.
“As autoridades conseguiram reprimir os protestos ilegais restantes nos dias 3 e 4 de Maio, o que permitiu à Syrah restaurar o acesso ao local em Balama”, avançou a mineradora listada na Bolsa de Valores Australiana (em inglês Australian Stock Exchange – sigla ASX).
“A paralisação prolongada da mina foi motivada inicialmente por reivindicações relacionadas ao reassentamento de terras agrícolas e, posteriormente, por conflitos mais amplos relacionados às eleições. A empresa não produziu grafite por três trimestres consecutivos, e as vendas também foram suspensas até a retomada da produção”, descreveu.

Na altura, a Syrah, fornecedora de grafite para baterias de veículos eléctricos, incluindo um contrato com a Tesla, destacou que os bloqueios impediram o transporte de materiais e levaram ao encerramento temporário das operações, com os trabalhadores dispensados.
A empresa recebeu anteriormente um financiamento de 150 milhões de dólares do International Development Finance Corp. e outros 98 milhões do Departamento de Energia dos EUA para apoiar a mina de Balama e construir uma fábrica de processamento nos EUA. No entanto, a instabilidade em Moçambique comprometeu o cumprimento dessas obrigações financeiras.
“Os impactos e a duração das acções de protesto desencadearam eventos de incumprimento nos empréstimos da empresa com a United States International Development Finance Corp. e o Departamento de Energia dos EUA”.
Moçambique viveu quase cinco meses de tensão pós-eleitoral, um momento marcado por manifestações gerais que originaram a morte de 390 pessoas durante os confrontos entre os civis e a polícia. A agitação que causou prejuízos avultados para a economia foi incentivada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane que não reconhece os resultados das eleições de 9 de Outubro cuja vitória foi da Frelimo e do seu candidato, Daniel Chapo.
Em Abril, o Parlamento aprovou, por unanimidade, aclamação e em definitivo, a lei do acordo político para pacificar o País, incluindo a revisão da Constituição da República e dos poderes do Presidente. O dispositivo legal, aprovado pelas quatro bancadas que compõem o Parlamento moçambicano, tem por base o acordo entre o chefe do Estado, Daniel Chapo, e todos os partidos políticos, assinado no passado dia 5 de Março e submetido à Assembleia da República para apreciação com carácter de urgência.