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FRELIMO Admite que Moçambique nunca ficou em Paz desde a Independência

 

Por Quinton Nicuete

Nampula, 20 de Junho de 2025 – O partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), reconheceu publicamente que o país nunca experimentou uma paz plena e duradoura desde a proclamação da independência, em 25 de junho de 1975. A declaração foi feita sexta-feira ultima em Nampula pelo secretário provincial da FRELIMO Gilberto Francisco, durante um simpósio alusivo aos 50 anos da independência nacional e aos 63 anos da fundação do partido.

Num discurso inusitado e carregado de realismo político, o dirigente da FRELIMO afirmou que Moçambique tem sido marcado por sucessivas fases de instabilidade desde o fim da luta de libertação, passando pela guerra civil de 16 anos, hostilidades militares pós-acordo de paz e, mais recentemente, episódios de manifestações populares.

“Moçambique nunca ficámos em paz. Desde que terminou a luta de libertação, continuamos com a luta dos 16 anos e, depois de terminar com a luta dos 16 anos, tivemos hostilidades militares que aconteceram e recentemente tivemos manifestações. Então, o nosso país nunca esteve muito em paz como dito,” afirmou Gilberto Francisco à imprensa local.

O secretário apelou ainda à união nacional como condição indispensável para se alcançar uma paz verdadeira e inclusiva:

“O que nós precisamos neste momento é a nossa união como moçambicanos para lutarmos para o nosso país. Porque cada um se fazer a sua parte sem ser instrumentalizado, aí nós podemos construir um país uno e em paz.”

As declarações surgem num momento em que Moçambique se prepara para celebrar meio século de independência sob o peso de crises recorrentes — desde insurgências armadas no norte, tensões políticas, até à recente repressão de manifestações pós-eleitorais. A mensagem de Gilberto Francisco parece reconhecer as fragilidades internas que continuam a desafiar o sonho de uma Nação plenamente reconciliada.

Especialistas consideram o discurso como um raro momento de autocrítica por parte da FRELIMO, que, embora dominante no poder desde 1975, tem sido frequentemente acusada de minimizar os impactos dos conflitos sobre a coesão nacional.

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