Depois de cenas de violência gratuita envolvendo membros e apoiantes da FRELIMO e do MDM que marcaram pela negativa as celebrações do dia da cidade da Beira no último domingo, esta terça-feira foi a vez da cidade de Nampula testemunhar uma suposta tentativa de assassinato do Edil Paulo Vahanle
As duas cidades têm em comum o facto de serem as maiores autarquias governadas pela oposição: MDM na Beira e Renamo em Nampula. A FRELIMO está a mobilizar todas as suas forças para reconquistar as duas cidades nas sextas eleições autárquicas de 11 de Outubro.
Por isso, os eventos que marcaram as celebrações nas duas cidades devem ser lidos dentro de uma disputa política em que os fins valem mais do que os meios. Albano Carige e Paulo Vahanle dirigem as duas cidades cobiçadas pela FRELIMO e são candidatos à sua sucessão. Isso torna-os em alvos preferenciais!
Segundo escreve o jornal, um agente da Força de Protecção de Altas Individualidades (FOPAI) – uma unidade da Polícia da República de Moçambique (PRM), foi interceptado com uma arma de fogo nos Paços do Município, local onde decorriam as celebrações do dia da cidade de Nampula.
O agente em causa não tinha sido escalado para trabalhar na terça-feira e ninguém estava informado de que ele estaria presente naquele local armado. Os homens que o neutralizaram teria desconfiado dos seus movimentos nos Paços do Município e mais tarde descobriram que estava armado.
Desconhece-se o plano que o agente do FOPAI tinha traçado, mas acredita-se ele contava com outras pessoas presentes no local para a sua operacionalização. Este acontecimento não deve ser levado de ânimo, desde logo porque há cerca de seis o então Edil de Nampula, Mahumudo Amurane, foi morto a tiro na mesma cidade. Este crime ainda não foi devidamente esclarecido e os verdadeiros responsáveis continuam impunes.
Mahumudo Amurane foi eleito pelo MDM e tornou-se no primeiro edil vindo da oposição a dirigir Nampula, a chamada capital do norte de Moçambique. O então jovem edil destacou-se pelo trabalho que estava a fazer, devolvendo o brilho à martirizada cidade de Nampula. Ele foi morto a um ano de completar o seu mandato.
O CDD condena veementemente a suposta tentativa de assassinato de Paulo Vahanle e apela às autoridades que façam uma investigação urgente e transparente com vista à responsabilização dos implicados. Estes actos não devem ser tolerados na República de Moçambique. A luta política não deve implicar a violação de direitos humanos dos cidadãos, sobretudo o direito à vida. (CDD)