Os números oficiais de eleitores recenseados na área municipal, apresentados pelo STAE provincial, são diferentes dos números à disposição do STAE distrital de Guruè e também dos números apurados durante a exposição dos cadernos eleitorais.
De acordo com a denúncia, assinada por dois técnicos do STAE, em representação do MDM, nomeadamente, Agostinho Morgado e Manecas Mopuita, chefe adjunto e técnico da Repartição de Organização e Operações Eleitorais, respectivamente, os dados do STAE provincial mostram que foram recenseados 63.7 mil eleitores durante 45 dias de recenseamento eleitoral, o que corresponde a 148%, muito acima dos 43 mil eleitores previstos. No entanto, os dados recolhidos no armazém do STAE distrital, no dia 8 de Junho, último dia da exposição, apontam para 65.5 mil eleitores inscritos (151%).
Os dados finais, fornecidos pelo chefe da Repartição de Organização e Operacionais Eleitorais (ROOE) também são diferentes dos primeiros dois dados. De acordo com estes últimos dados, foram recenseados 64.2 mil eleitores (148.8%) do total de 43 mil que tinham sido previstos (baixe a denúncia aqui).
Os técnicos do STAE, em representação do MDM, contam que solicitaram ao director de ROOE que lhes permitisse irem ao armazém para a contabilzação dos cadernos de cada posto com vista ao esclarecimento das discrepâncias. Mas o director “limitou-se a dizer que lhe dêssemos um minuto para (sair) fora e para pedir a autorização ao director e surpreendeu-nos, ao entrar nas viaturas da instituição à caminho da CDE (Comissão Distrital de Eleições) onde foram aprovar os dados sem o nosso consentimento como fazedores e executores de todo o processo”.
Igualmente denunciam que nos dois dias de extensão do período de recenseamento (2 e 3 de Junho), muitas brigadas não cumpriram com os horários estabelecidos e encerraram muito cedo as brigadas de recenseamento.
Nos dias da exposição de cadernos eleitorais, muitos postos de recenseamento não expuseram os seus cadernos eleitorais.
Os técnicos do STAE denunciam que foram excluídos do processo de monitoria e avaliação do funcionamento das actividades realizadas pela Repartição de Organização e Operações Eleitorais assim como das brigadas de recenseamento eleitoral. Segundo os técnicos, os brigadistas apenas colaboravam com os técnicos dos órgãos de gestão e administração eleitoral provenientes da Frelimo e os seleccionados pelo concurso público, incluindo o director distrital.
Os técnicos em referência constataram que os brigadistas e os agentes da educação cívica eleitoral realizavam actividades partidárias a favor do partido Frelimo. Apontam como exemplo, o facto de o brigadista Francisco Muhonhope ter recebido do agente de educação cívica Graciano Uatita, em plena actividade de educação cívica eleitoral, uma lista dos membros da OJM inscritos em diversos postos. A lista foi interceptada pelo técnico do MDM, Manecas Mopuita.
Por isso eles “distanciam-se do resumo dos dados aprovados e divulgados pelo CDE-Guruè” e pedem a criação de uma comissão de inquérito ou multi-sectorial para investigar e averiguar as denúncias para que as eleições sejam livres, justas e transparentes.
Mais de 3700 cartões no armazém do STAE distrital?
Na denúncia, que contém anexos, os técnicos do STAE em Guruè questionam a existência, nos dias 8 e 9 de Junho em curso, de mais de 3700 cartões de eleitores impressos e ainda não levantados noarmazém do STAE.
Alguns brigadistas teria sido instruídos a declarar dados errados sobre cartões de eleitorais ainda nãoimpressos. Por exemplo, um brigadista da EPC Nipive disse que tinha ainda por imprimir 417 cartões de eleitores, quando, na verdade ainda faltam imprimir 815 cartões (CIP)