A 12.ª edição da Semana Internacional do Dinheiro (Global Money Week) teve início na última segunda-feira, 18 de Março. O evento, organizado pela FSDMoç, em parceria com a FINTECH MZ, abriu com uma sessão dedicada ao tema “Protegendo o dinheiro na era digital”.
O evento, realizado em formato virtual, foi marcado por debates abrangentes e esclarecedores. Dentre os temas discutidos, destacaram-se as fraudes financeiras, os seus sinais de alerta e formas de prevenção. Os participantes abordaram também as estratégias para tomar decisões financeiras informadas, visando proteger-se contra possíveis golpes.
Na sua intervenção, Adilson Gomes, representante do Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), revelou que 92% dos problemas reportados pelos bancos e pelas Instituições de Moeda Electrónica (IME) estão relacionados com a fraude financeira, elucidando que ainda há grandes desafios para a identificação dos responsáveis por essas fraudes.
“Em algumas situações, os fraudadores utilizam números de telemóveis não registados em seus nomes para cometer suas actividades fraudulentas, o que dificulta o processo de investigação, principalmente devido à ausência de uma base de dados nacional”, explicou.
Por sua vez, Francisco Simão, representante do M-Pesa Moçambique (serviço financeiro móvel), ressaltou que, desde a sua implementação no País em 2013, a maioria dos casos relatados também está relacionada à fraude financeira.
Além disso, Simão destacou a importância das campanhas educativas na prevenção de fraudes. Como exemplo, mencionou uma iniciativa do M-Pesa, na qual a empresa envia mensagens aos seus clientes, lembrando-os de que a instituição só entra em contacto por meio do número oficial associado ao seu nome.
Já João Gaspar, presidente da Associação Moçambicana de Fintech, esclareceu que as fraudes financeiras têm evoluído muito nos últimos tempos, frisando que noutros países, envolvem questões de confiança em níveis mais profundos.
“Por exemplo, em relações mais digitais do que pessoais, vemos surgir fraudes do tipo ‘olá pai, olá mãe’, onde alguém se faz passar pelo filho ou pai para solicitar dinheiro sob a alegação de uma urgência. Esse tipo de fraude de relacionamento é uma consequência do distanciamento pessoal cada vez maior”, explicou.
Gaspar chamou também a atenção para a questão do ‘mascaramento’ do nome do cliente durante os pagamentos bancários, defendendo que, ao fazer um pagamento, deve-se identificar claramente quem enviou o valor, em vez de apenas mascarar o nome do banco.
“Apenas o M-Pesa implementou essa medida, outras entidades ainda não o fizeram. Esta transparência na identificação do remetente pode ajudar a mitigar o risco de fraudes e garantir uma maior segurança nas transacções financeiras digitais”, observou.
A Global Money Week é uma iniciativa da Child & Youth Finance International (CYFI), fundada em Abril de 2012 em Amesterdão, Holanda. O seu principal objectivo é promover a inclusão financeira, a educação para a cidadania económica e estimular o empreendedorismo juvenil entre crianças e jovens em todo o mundo.