Os grandes tubarões continuam a navegar em marés profundas que parecem inacessíveis para as autoridades, mas entre as pessoas de bem há um sentimento comum de que falta vontade para alcançá-los.
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) apresentou na segunda-feira, 29 de Janeiro, dois indivíduos supostamente envolvidos no rapto do empresário Mohamad Hussein, dono dos Armazéns Atlântico, ocorrido em 20 de Janeiro, na baixa da cidade de Maputo. Os detidos são simples operativos sem muita relevância na cadeia dos raptos.
Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) apresentou na segunda-feira, 29 de Janeiro, dois indivíduos supostamente envolvidos no rapto do empresário Mohamad Hussein, dono dos Armazéns Atlântico, ocorrido em 20 de Janeiro, na baixa da cidade de Maputo. Os detidos são simples operativos sem muita relevância
na cadeia dos raptos.
O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) tem estado a defender que fundamental chegar-se aos mandantes dos raptos, se o Estado quiser controlar ou combater o fenómeno. Arrastar “peixe miúdo” é um passo, mas o tempo está a mostrar que não é suficiente para combater o negócio milionário dos raptos que está a prosperar a olhos vistos.
Falando numa conferência de imprensa bastante concorrida, Hilário Lole, porta-voz do SERNIC na cidade de Maputo, disse que os detidos estavam também envolvidos na ten- tativa de rapto de um gestor de uma loja de
venda de mobília, que ocorreu em 16 de Janeiro, também na baixa da cidade de Maputo.
“Existem informações bastante fortes da sua participação nesses dois últimos casos.
São indivíduos que vinham sendo procurados, tínhamos mandados de busca contra os mesmos”, disse Hilário Lole. E explicou que os mandados tinham ligações com os raptos que aconteceram em 2021 e 2023.
Segundo o SERNIC, “quando são analisadas, de forma minuciosa, as imagens das câmaras [no rapto de Mohamad Hussein], um deles aparece empunhando uma arma do tipo pistola”.
Mohammad Hussein 3 (Calú) foi raptado por volta das 08h00 de 20 de Janeiro. Segundo as nossas fontes, os agentes da Polícia de Protecção que estavam no local puseram-se em fuga, quando os raptores começaram a efectuar disparos.
É preciso deter os mandantes O sindicato dos raptos opera em Moçambique desde finais de 2011 .Entre 2018 e 2021, o país registou 30 casos de raptos . Até 27 de Dezembro de 2022 tinham ocorrido 13 raptos .
Em 29 de Novembro de 2022 foram detidas 31 pessoas7 indiciadas por crimes de rapto. Em 2022 o Ministério Público abriu processos-crime relacionados com raptos, quase o mesmo registado em 2021, ano em que foram instauradas 14 acções.
No ano passado houve um registo de, pelo menos, cinco raptos e cinco tentativas de rapto e pelo menos 15 pessoas detidas. Apesar das detenções realizadas desde que o sindicato dos raptos opera em Moçambique, o Estado não conseguiu chegar aos mandantes do crime para que pudessem ser responsabilizados, tirando o caso de Ismael Nangy que se encontra detido na África do Sul, acusado de ser um dos cérebros do negócio milionário dos raptos.
“Em 29 de Novembro de 2022 foram detidas
31 pessoas7 indiciadas por crimes de rapto. Em
2022 o Ministério Público abriu 15 processos-crime
relacionados com raptos, quase o mesmo registado
em 2021, ano em que foram instauradas 14 acções”
A maior parte das pessoas detidas são irrelevantes na cadeia dos raptos. Algumas não sabem que estão a trabalhar para o crime organizado.
O CDD tem estado a defender que é fundamental chegar-se aos mandantes dos raptos, se o Estado quiser controlar ou combater o fenómeno. Arrastar “peixe miúdo” é um passo, mas o tempo está a mostrar que não é suficiente para combater o negócio milionário dos raptos que está a prosperar a olhos vistos.
Outrossim, o CDD defende que a extradição de Nangy 11 para Moçambique não só é importante para que seja julgado e responsabilizado pelos crimes que se diz que cometeu, como tem um potencial de marcar uma nova era na luta que o Estado trava desde 2011 contra este crime, nomeadamente por conta de toda a informação que será colhida desde a instrução do processo até a produção da prova. (CDD)