Por Quinton Nicuete
O presidente da RENAMO, Ossufo Momade, lançou duras acusações contra Elias Dhlakama e Alfredo Magumisse, a quem responsabiliza por financiar antigos combatentes do partido para encerrarem várias sedes da organização, numa alegada tentativa de o afastar da liderança.
As declarações foram feitas numa entrevista divulgada pelos canais oficiais da RENAMO, nas redes sociais, onde Momade admitiu estar a enfrentar pressões internas, mas garantiu que não pretende ceder.
Segundo o dirigente, as ações terão sido lideradas pelo general Elias Dhlakama e por Alfredo Magumisse, que, de acordo com a sua versão, incentivaram ex-guerrilheiros a fechar delegações provinciais e até a sede nacional. Momade contou que chegou a ser informado, através de elementos da sociedade civil, de que ambos procuravam uma reunião direta com a liderança para negociar a saída dos que ocupavam a sede central.
“Primeiro, encerraram algumas delegações nas províncias, depois vieram aqui à sede nacional e tentaram até fechar o gabinete do presidente. Mas antes de cá chegarem, recebi informação de que pediam uma reunião comigo. Perguntei quem eram e disseram-me que se tratava de Elias Dhlakama e Alfredo Magumisse”, afirmou.
O líder da RENAMO diz ter recusado essa aproximação, por considerar que os membros não precisam de intermediários para dialogar com a direção. Vai mais longe, acusando os dois antigos quadros de patrocinarem um movimento de chantagem.
“Isto é pura chantagem. Querem assaltar o poder, mas enquanto eu dirigir o partido, isso nunca vai acontecer. Lanço-lhes o desafio”, declarou Momade.
Do outro lado, as respostas não tardaram. Elias Dhlakama, irmão do falecido líder histórico Afonso Dhlakama, falando à DW rejeitou em absoluto as acusações e disse que Momade está “desnorteado”.
“Não é verdade. O próprio Ossufo sabe porque deixou o partido no estado em que está. Já lhe disse várias vezes que está a conduzir a RENAMO para a queda. Se eu precisar de falar com ele, vou à casa dele. Mas nunca conspiraria para o derrubar”, assegurou.
Dhlakama garantiu ainda que só pretende disputar a presidência do partido pelas vias eleitorais internas.
Já Alfredo Magumisse, outro veterano acusado, também citado pela DW, foi ainda mais contundente, classificando as declarações de Momade como “ideias baratas”.
“Não vou perder tempo com coisas tão ingénuas. Quem fala assim devia preocupar-se com problemas sérios, e não inventar histórias. Não entro em lutas sem visão”, afirmou.
Para o académico e jornalista Aunício da Silva, este clima de acusações internas agrava ainda mais as divisões no seio da RENAMO.
“Em vez de reconciliação, estas declarações vão aprofundar o conflito interno. A RENAMO está a perder membros para outros partidos, e os que permanecem estão apenas à volta da mesa do tacho”, analisou citado pela DW.
Ossufo Momade assumiu a presidência da RENAMO em 2018, após a morte de Afonso Dhlakama. Sob a sua liderança, o partido perdeu espaço político, passando de principal força da oposição para segunda nas eleições gerais de 2024. Moz24h
