• Inicio
  • Sobre Nós
  • Contacte-nos
  • Anúncios
  • Fórum
No Result
View All Result
Moz24h
  • Politica
  • Economia
  • Editorial
  • Cultura
  • Entrevista
  • Opiniao
  • Sociedade
  • Internacional
  • Desporto
MOZ24HORAS
  • Categorias
    • Economia
    • Desporto
    • Editorial
    • Politica
    • Internacional
    • Tecnologia
    • Sociedade
    • Entrevista
    • Cultura
  • Fórum
  • Anúncios
  • Contactos
  • Opinião
No Result
View All Result
No Result
View All Result
Home Opiniao

Não houve nenhum mandado de captura contra Bush Jr., mas há agora contra Putin

5 de abril de 2023
in Opiniao
A A
0

 

Foto: Boaventura de Sousa Santos

Por Boaventura de Sousa Santos *

O mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o presidente Vladimir Putin, terá repercussões distintas das que são invocadas, tanto pelos EUA e aliados, como pela Rússia e aliados. Para os primeiros, Vladimir Putin, que ainda não foi sequer acusado, é já um criminoso de guerra, um pária internacional, devendo ser preso na próxima oportunidade. Para os segundos, o mandado não tem qualquer valor jurídico e não terá qualquer eficácia, sendo apenas mais um ato de propaganda do Ocidente.

É impossível saber qual das duas leituras prevalecerá no futuro e, por isso, não me pronuncio sobre elas. Debruço-me sobre as repercussões observáveis a olho nu, e desde já. Enquanto fenômeno político, o mandado de captura é semelhante às sanções econômicas impostas à Rússia. As suas repercussões serão reais, mas não são as que oficialmente se propõem.

A primeira repercussão reside no seu impacto num qualquer processo de paz sobre a Ucrânia. Suspeitava-se que os EUA não estavam interessados em negociações de paz a curto prazo e acrescentava-se que o desinteresse era partilhado pela Rússia. A suspeita está hoje confirmada. Os EUA jogam tudo na queda de Vladimir Putin. Como esta não é previsível, pelo menos a curto prazo, o povo ucraniano vai continuar a ser martirizado e os soldados ucranianos e russos vão continuar a morrer. Os possíveis e bem-intencionados mediadores internacionais podem, por agora, dedicar-se a outras tarefas mais realistas.

A segunda repercussão diz respeito ao impacto do mandado de captura no princípio da justiça universal de que a criação do Tribunal Penal Internacional é uma das manifestações mais concludentes. Este mandado de captura significa o descrédito total deste princípio. A credibilidade do Tribunal Penal Internacional estava afetada desde o início, quando nenhuma das grandes potências (EUA, China, Rússia) assinou o tratado que o fundou. Declararam alto e bom som que não se sentiam vinculados por qualquer decisão do Tribunal Penal Internacional. Os EUA foram particularmente veementes nessa posição e, de fato, se atendermos aos países ou indivíduos que foram objeto de investigação por parte do Tribunal Penal Internacional, verificaremos que nenhuma investigação foi aceite ou avançou quando os EUA entenderam que tal ia contra os seus interesses. Dois casos ilustram isso bem.

O mandado de captura foi emitido no momento em que se assinalavam os vinte anos da invasão ilegal do Iraque por parte dos EUA. Uma invasão duplamente ilegal porque contra a decisão do Conselho de Segurança e assente na falsa premissa da existência de armas de destruição massiva. Tal como Vladimir Putin, George W. Bush imaginava que a guerra duraria pouco tempo e seis semanas depois declarou triunfalmente: “Missão cumprida”. A guerra terminou oficialmente oito anos depois, deixando o país destruído e cerca de 300 mil civis iraquianos mortos.

Não houve nenhum mandado de captura contra Bush Jr., mas há agora contra Putin, e note-se que este não é acusado de mortes, mas sim da deportação de crianças, um tema em si mesmo complexo, já que na Segunda Guerra Mundial foi comum evacuar crianças em zonas de guerra como medida de proteção. Não digo que tenha sido este o caso, mas torna-se claro que a gravidade relativa dos crimes não é um dos critérios para a intervenção do Tribunal Penal Internacional. Afinal não houve crimes contra a humanidade em Bucha? E quem não se lembra do massacre de My Lai em 1968 no Vietnã em que cerca de 500 civis desarmados, muito deles mulheres e crianças, foram assassinados? Ou dos milhares de crianças que morreram no Iraque devido às sanções impostas por Bush sênior?

O segundo exemplo diz respeito à decisão do Tribunal Penal Internacional de março de 2021, quando era procuradora Fatou Bensouda, de abrir um inquérito sobre os alegados crimes de guerra cometidos por Israel nos territórios ocupados da Palestina desde junho de 2014. O inquérito fora pedido pelo Estado Palestiniano em 2018. Foi atendido três anos depois, e não se tratava sequer de mandado de captura, era apenas o início de um inquérito. Pois bem, a reação dos EUA, da Alemanha e de outros países aliados contra a decisão do Tribunal Penal Internacional foi a mais veemente possível.

Invocaram-se argumentos de todo o tipo para condenar a decisão do Tribunal Penal Internacional. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson chegou a argumentar, como uma das razões contra a decisão do Tribunal Penal Internacional, o fato de Israel ser “um país amigo e aliado” do Reino Unido. A administração Trump chegou a impor sanções à procuradora do Tribunal Penal Internacional e aos seus colaboradores seniores e incluiu-os numa lista de suspeitos internacionais. Joe Biden levantou as sanções, mas declarou-se muito preocupado com a intenção do Tribunal Penal Internacional de exercer jurisdição sobre pessoal israelita. A possível proteção internacional da Palestina, mais uma vez, morreu à nascença.

É hoje evidente que as instituições internacionais (e não apenas o TPI) só funcionam eficazmente na medida em que sirvam ou não contrariem os interesses dos EUA. A duplicidade de critérios é tão aberrante que o Tribunal Penal Internacional dificilmente sobreviverá à caricatura que faz de si mesmo.

A terceira repercussão é que tudo isto aponta para um desgaste fatal das “relações internacionais baseadas em regras”. A invasão ilegal da Ucrânia foi obviamente uma machadada nesse princípio, e seguiram-se-lhe muitas outras por todas as partes no conflito. A duplicidade de critérios em julgá-las atinge tal gravidade que podemos estar a entrar inexoravelmente no período prévio a uma nova guerra mundial.

Vão-se fechando sucessivamente todas as portas por onde um abrandamento das tensões podia passar. Submete-se a pressão extrema as instituições que podiam regular o conflito. Neste início de abril, o país que é presidido por um suposto criminoso de guerra assume (pela rotatividade mensal) a presidência das sessões do Conselho de Segurança da ONU. Que impacto terá isso? Claro que os EUA já estiveram nessa posição em múltiplas ocasiões, nomeadamente pelos crimes contra a humanidade durante a guerra do Vietnã e do Iraque. O mesmo aconteceu com a França e o Reino Unido pelos crimes cometidos nas guerras coloniais. E também com a China pelos crimes cometidos em Xinjiang.

Por outro lado, a Rússia não é o único país a reconhecer como legítima a anexação ilegal (segundo a ONU) de territórios por via militar. Os EUA fizeram o mesmo reconhecimento no caso do território da Palestina por parte de Israel e do território do povo sarauí por parte de Marrocos. O que é novo é o fato de haver um mandado de captura contra o presidente do país que presidirá às sessões da máxima instituição de garantia da paz, o Conselho de Segurança. Que mundo é este? Que futuro nos espera?

*Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Autor, entre outros livros, de O fim do império cognitivo (Autêntica).

https://aterraeredonda.com.br/justica-universal/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=novas_publicacoes&utm_term=2023-04-03 04042023

Publicado originalmente no jornal Público.

Share18SendTweet11Share3Scan
Previous Post

STAE report shows

Next Post

Mortes em Mavago e Marrupa

Related Posts

Por que as elites moçambicanas são rafeiras e grosseiras?
Opiniao

Por que as elites moçambicanas são rafeiras e grosseiras?

18 de setembro de 2023
390
Zimbabwe: SA’s tight corner
Opiniao

Zimbabwe: SA’s tight corner

4 de setembro de 2023
209
Opiniao

Roque Silva, o sapato desatado e a sociedade de privilégios

19 de maio de 2023
335

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

I agree to the Terms & Conditions and Privacy Policy.

Estado moçambicano gastou 76 milhões com advogados desde 2019

3 de outubro de 2023
0
217

O ministro da Economia e Finanças moçambicano disse hoje que o Estado gastou cerca de 80 milhões de dólares (76...

Comandante da Polícia diz que multinacionais podem regressar a Cabo Delgado

Comandante da Polícia diz que multinacionais podem regressar a Cabo Delgado

3 de outubro de 2023
0
236

  Ramos Miguel   Analistas políticos consideram que ainda há muitos desafios mesmo em termos militares. Maputo — O comandante-geral...

Responsabilização dos bancos

Responsabilização dos bancos

3 de outubro de 2023
0
263

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 02 de outubro de 2023-Enquanto as instituições responsáveis em prestar esclarecimentos sobre o que estará por detrás do mau...

“Feedbeck é crucial para um verdadeiro líder e para as organizações”

“Feedbeck é crucial para um verdadeiro líder e para as organizações”

3 de outubro de 2023
0
212

O Chairman do Grupo Intelec Holdings, Salimo Abdula, defendeu, recentemente, em Maputo, a adopção do modelo de comunicação de mão...

Facebook

Categorias

  • Cultura
  • Desporto
  • Economia
  • Entrevista
  • Internacional
  • Investigação
  • Opiniao
  • Politica
  • Sem categoria
  • Sociedade
MEDIALINE, LDA
Director :Estacio Valoi
Editores associados:Estacio Valoi e Luis Nhachote
Publicidade: Jordão José Cossa (84 53 63 773)
Cell: 844703860
Email: jordaocossa63@gmail.com, geral@moz24h.co.mz
NUIT: 400509905
Numero da entidade legal :100872250
Moz24horas Jornal Bilingue:
Endereço : MEDIALINE, LDA Rua do Tambo Tambulani Tambo, BA518 Nanhimbe Bº Eduardo Mondlane, Moçambique Pemba Cabo Delgado, 3202,
CONSULTORIA
Nr. 149 GABIFO/DEPC/2017/ MAPUTO,18 de Outubro
Mozambique

FICHA TÉCNICA
Director Editorial: Estacio Valoi / Redação: Germano de Sousa, Palmira Zunguze e Nazira Suleimane / Editores associados: Estacios Valoi e Luís Nhachote

© 2022 MOZ24H - Costumized by MOZAMOR COMERCIAL.

No Result
View All Result
  • Categorias
    • Economia
    • Desporto
    • Editorial
    • Politica
    • Internacional
    • Tecnologia
    • Sociedade
    • Entrevista
    • Cultura
  • Fórum
  • Anúncios
  • Contactos
  • Opinião
  • Login
  • Sign Up

FICHA TÉCNICA
Director Editorial: Estacio Valoi / Redação: Germano de Sousa, Palmira Zunguze e Nazira Suleimane / Editores associados: Estacios Valoi e Luís Nhachote

© 2022 MOZ24H - Costumized by MOZAMOR COMERCIAL.

Welcome Back!

OR

Login to your account below

Forgotten Password? Sign Up

Create New Account!

OR

Fill the forms below to register

*By registering into our website, you agree to the Terms & Conditions and Privacy Policy.
All fields are required. Log In

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In
error: Content is protected !!
Este website usa politicas de Cookie para saber mais click em Privacy and Cookie Policy.