A aprendizagem automática e a Inteligência Artificial (IA) estão a criar novas oportunidades. No entanto, como sugere um estudo recente, estes benefícios destinam-se principalmente a falantes de línguas predominantes, como o inglês e o francês, por exemplo, em produtos como o ChatGPT.
Entretanto, há um esforço para garantir que os falantes de shona, hausa, xhosa, kiswahili e outras línguas africanas possam igualmente tirar partido destes avanços tecnológicos, como revela o portal Tech in Africa.
“É desconcertante que as ferramentas de IA para as línguas africanas sejam tão escassas”, comenta Kathleen Siminyu, uma líder tecnológica sediada no Quénia. Através do seu trabalho na Masakhane Research Foundation, dedica-se a fornecer ferramentas de Inteligência Artificial acessíveis aos falantes de línguas africanas.
“A inclusão e a participação no desenvolvimento da tecnologia linguística não podem ser uma reflexão tardia; devem ser uma prioridade máxima desde o início”, acrescenta.
Siminyu lidera um estudo publicado na revista Cell Press Patterns, que apresenta uma estratégia para melhorar as ferramentas de IA dedicadas às línguas africanas. No centro desta iniciativa está a disponibilidade de conjuntos de dados linguísticos específicos para treinar os computadores a lidar com as línguas africanas.
Segundo o Tech in Africa, os autores do estudo salientam a importância de promover os conteúdos africanos. Destacam a necessidade de criar recursos essenciais, como dicionários, correctores ortográficos e teclados para estas línguas, e de minimizar os obstáculos financeiros e administrativos à tradução de mensagens governamentais para várias línguas nacionais, incluindo as africanas.
O grupo tenciona alargar a sua investigação e enfrentar os desafios que possam impedir o acesso à tecnologia. As suas descobertas poderão também contribuir para a preservação das línguas africanas nativas.
O Tech in Africa enfatiza que os pesquisadores reconheceram as lacunas da sua equipa, referindo que “todos os investigadores envolvidos neste estudo são anglófonos. Por conseguinte, é essencial a inclusão de intervenientes africanos francófonos e lusófonos de grupos pertinentes”. (DE)