Sociedade

Greve dos médicos

 

A  Ordem  dos  Advogados  de  Moçambique  –  OAM,  que vem  acompanhando a greve dos médicos que começou Julho ultimo diz que preciso trazer soluções concretas para os médicos

A greve a titulo de exemplo  varias unidades  sanitárias das províncias moçambicanas de Manica e Tete começaram a atingir um nível de alerta máximo com a adesão de mais médicos à greve, que teve início em Julho, deixando a população em situação de desespero segundo a VOA.

Esta é uma greve segundo comunicado da OAM que acompanha com  elevada  preocupação,  todos  os  contornos e desenvolvimentos que a greve dos médicos, representados pela Associação Médica, está a conhecer, com posições extremadas e ameaças de repressão, que para além de ilegais, só podem gerar desgaste e mais conflito, com repercussão social negativa, inegável.

O direito à greve é constitucional e legalmente estabelecido, fazendo parte do núcleo fundamental dos chamados direitos de associação sindical, com acolhimento expresso na Constituição, sendo por isso, uma  conquista  do  Estado  de  Direito  Democrático,  expressão  máxima  da  liberdade  que  não  pode  ser,  de forma alguma, coartado, limitado e ou reprimido, por ser objecto do direito.

Estamos certos que a  tentativa  de  repressão  que  se  consubstancia  em  descontos  salariais,  inviabilização  das  nomeações  definitivas e expulsões, para além de ilegal, por contenderem com o mencionado direito à greve, não é o caminho para a solução das reivindicações apresentadas pelos médicos, enquanto classe profissional de muito relevante interesse público.

Governar  é,  sem  dúvidas,  eleger  prioridades,  e  a  saúde  será  sempre  uma  prioridade  em  qualquer  sociedade  uma  vez  que  o  bem  que  com  ela  se  protege,  é  a  vida  e  só  assim  se  almeja  a  justiça  social  aludida no preâmbulo da nossa Constituição. Esta greve revela também a grande incapacidade que temos de  aprender  com  a  nossa  história,  pois,  se  os  tempos  mudaram,  alguns  processos  persecutórios  e  de  intimidação mantêm-se, o que não ajuda num diálogo em que claramente há uma desproporcionalidade de poder entre as partes. O primeiro passo para a solução desta greve é reconhecer-se que o artigo 23º da Lei n.º 5/2022, de 14 de Fevereiro, que aprova a Tabela Salarial Única, estipula que, “É revogada toda a legislação que contrarie as regras e os critérios para fixação do vencimento e suplementos previstos no artigo 10º da presente Lei”, revoga muitos dos benefícios constantes do Estatuto dos Médicos (direitos adquiridos), instrumento este que foi aprovado e antecedido de um longo e desgastante debate.

Negociar não é aceitar tudo, mas é ter flexibilidade para o debate sem pré-condições e com sentido de missão. Não temos dúvidas que as partes precisam, mais do que nunca, de uma mediação à altura das actuais circunstâncias  para  se  ultrapassar  muitas  das  notórias  diferenças,  sendo  certo  que  não  há  medicação  impositiva, com efeitos colaterais graves, mas sim, como ciência de persuasão que é, com técnicas de aproximação, que conduzam as partes a bom porto.

A OAM está, por via dos seus inúmeros membros especializados em técnicas de mediação, disponível desde a primeira hora para colaborar neste capítulo, sem quaisquer pré-condições, com vista à pacificação social. É tempo de reflexão moral. Caso, naturalmente, as ameaças feitas pelo executivo se materializem, a OAM manter-se-á sempre na vanguarda da defesa intransigente e salvaguarda do direito fundamental à greve e, em última instância, ao emprego. O Estado de direito criou mecanismos para os cidadãos se defenderem, e esperamos, muito honestamente, que o Tribunal Administrativo seja activista na defesa destes direitos fundamentais.

 

Enquanto a OAM apela pelo cumprimento daquilo que  ‘e de lei, constitucionalmente instituído,  recentemente a governadora de Manica Francisca Tomás ameaçou “ processar e desvincular os médicos grevistas com contratos precários, vários profissionais que cumpriam os serviços mínimos nem vários hospitais da cidade e distritos entraram em greve, esta semana, subindo o número de 20 para 26.”

A OAM  enfatiza  que  continua atenta  aos  desenvolvimentos  desta  greve que vai registando consequências graves no sistema de saúde moçambicano já debilitado ( M0z24h)

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