Economia

Empresários de Palma denunciam abandono e exigem inclusão na reconstrução do distrito

Por Quinton Nicuete

Empresários locais do distrito de Palma, província de Cabo Delgado, denunciam estar a ser excluídos do processo de reconstrução da região, devastada por ataques armados desde 2021. Os homens de negócios dizem-se abandonados pelo Governo e exigem maior inclusão nas iniciativas económicas financiadas pelo projecto de gás natural liderado pela TotalEnergies.

Segundo relatos recolhidos pela DW, os empresários que outrora garantiam o fornecimento de bens e serviços na zona afirmam que foram completamente ignorados nos processos de adjudicação de contratos, que alegadamente favorecem empresas vindas de fora da província.

“Durante anos apoiámos os trabalhadores e mesmo o próprio Governo. Quando a guerra começou, fomos nós que ficámos com os prejuízos. Agora que há oportunidades, nem sequer somos chamados para participar,” lamenta António Saíde, proprietário de uma empresa de transportes em Palma.

As queixas surgem num momento em que decorrem os preparativos para a retoma do megaprojecto de exploração de gás natural na Bacia do Rovuma. A TotalEnergies suspendeu as suas actividades em 2021, na sequência do ataque ao distrito-sede de Palma, e está agora em fase de avaliação de segurança antes de reactivar as operações.

A promessa de desenvolvimento feita às comunidades locais, especialmente no domínio do emprego e do apoio aos negócios locais, é um dos pontos de tensão. “Esperávamos que houvesse prioridade para os empresários locais, que conhecem o terreno e empregam pessoas da zona. Mas não é isso que está a acontecer,” denuncia Salimo Amade, gestor de uma empresa de fornecimento de materiais de construção.

Para além da exclusão económica, os empresários denunciam a ausência de apoio estatal para a retoma dos seus negócios. Muitos dizem ter perdido infraestruturas, mercadorias e clientes devido ao conflito armado. “Desde que os terroristas atacaram, nunca mais tivemos apoio. Nem crédito, nem incentivos, nem sequer formação,” diz outro comerciante que prefere o anonimato por questões de segurança.

As autoridades governamentais ainda não responderam formalmente às denúncias. No entanto, fontes locais indicam que está em curso uma reavaliação da estratégia de desenvolvimento económico para Palma, que poderá incluir medidas de apoio ao empresariado local.

A sociedade civil também tem pressionado por maior transparência e justiça no processo de reconstrução. Organizações locais pedem que os recursos do gás tragam benefícios concretos para as comunidades afectadas, e não apenas para grandes investidores ou elites distantes da realidade do conflito.

Enquanto isso, os empresários de Palma continuam à margem, entre a esperança de um recomeço e o receio de que a retoma do megaprojecto apenas aprofunde as desigualdades já existentes. Moz24h

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