Indicação do ex-primeiro – ministro Carlos Agostinho do Rosário para PCA do Banco Comercial e de Investimentos mostra padrão de captura do sector público por interesses privados
A indicação de Carlos Agostinho do Rosário (CAR) para Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Banco Comercial e de Investimentos (BCI) representa um fenómeno pouco debatido em Moçambique, a transição de ex-governantes para o sector privado. No caso moçambicano esta transição tem acontecido com maior frequência por parte de ex-governantes que vão ocupar posições de topo na banca comercial. O fenómeno é conhecido como “portas giratórias” que nada mais é do que a captura do sector público pelos interesses privados/do sector privado.
1. São do conhecimento público os casos de Luisa
Diogo, que ocupou cargos de vice-ministra das
Finanças (1994) e ministra das Finanças (2000) e
posteriormente o cargo de primeira-ministra (2004),
tendo posteriormente transitado para o Barclays
Bank (2012) actual ABSA Bank como PCA.
2. Outro caso é de Tomás Salomão que foi ministro
do Plano e Finanças (1994 –99), ministro dos
Transportes e Comunicações (2000 – 2004) e
secretário executivo da SADC (2005 – 2013).
Actualmente ocupa o cargo de PCA na empresa
Cervejas de Moçambique (desde 2015).
3. Também existe o caso de Salvador Namburete que
passou para o cargo de PCA do banco BIG (2016)
depois de antes ter sido vice-ministro da indústria e
comércio (1999-2004) e depois ministro da Energia
(2005 – 2015).
4. Magid Ossman foi ministro das Finanças (1986),
e administrador delegado da GALP Energia (2012).
Posteriormente ocupou o cargo de PCA do Banco
Único (2015), dentre outros cargos no sector privado.
5. Castigo Langa passou de ministro da Energia para
PCA da Gigawatt, uma empresa de venda de energia
eléctrica, sendo que actualmente ocupa a mesma
posição na referida empresa.
6. Existe também o caso paradigmático de Celso
Correia, antigo PCA do BCI (2007), que transitou
dessa função para a de ministro da Agricultura
e desenvolvimento Rural (2020) no governo do
presidente Filipe Jacinto Nyusi. Embora se trate de
uma transição contrária, neste caso do sector privado
para o público, há que questionar os possíveis ganhos
que Celso Correia e o BCI podem estar a retirar
desta situação. É que em termos de remunerações e
benefícios, não há dúvida que no BCI Celso Correia
estava numa situação bastante privilegiada (CIP)
https://www.cipmoz.org/pt/2023/07/03/indicacao-do-ex-primeiro-ministro-carlos-agostinho-do-rosario-para-pca-do-banco-comercial-e-de-investimentos-mostra-padrao-de-captura-do-sector-publico-por-interesses-privados/