O ministro moçambicano da Defesa Cristóvão Chume diz que os partidos políticos estão a politizar o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, e promete que as forças de defesa e segurança de Moçambique vão garantir a defesa da soberania, após a retirada de tropas da SADC.
Mas para analistas, Chume foi infeliz porque, ‘’as tropas moçambicanas não têm capacidade para enfrentar este fenômeno’’
As forças da SADC iniciaram a retirada de Cabo Delgado, onde ajudaram as tropas moçambicanas a combater a insurgência.
Chume falava, esta quinta-feira, 18, no Parlamento, durante a sessão de perguntas ao Governo e reagia aos deputados da oposição que questionaram ao Executivo por que não declarava Estado de Emergência em Cabo Delgado, face ao avanço de ataques terroristas.
A deputada da Renamo Eulália de Oliveira disse que, apesar do discurso oficial de que os insurgentes estão enfraquecidos e em fuga, os ataques continuam e tendem a alastrar-se para a zona sul de Cabo Delgado.
O ministro da Defesa afirmou que ‘’não se percebe a racionalidade de se co-relacionar de forma viciosa a situação de terrorismo, que é uma ameaça global com uma eventual inviabilização das eleições, recorrendo-se à declaração de Estado de Emergência’’.
Segurança
Ele referiu que apesar da retirada da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), a segurança será garantida e que as eleições terão lugar, não havendo por isso espaço para a declaração do Estado de Emergência.
No entanto, o analista político Egidio Plácido considera que “os nossos governantes se desviam de questões centrais e apegam-se a assuntos mínimos, porque não têm capacidade de resolver questões centrais’’.
‘’Cabo Delgado está em guerra, não é uma questão de politização, é o facto de o Estado, através do Ministério da Defesa Nacional não mostrar, desde o inicio deste conflito, alguma capacidade para enfrentar este fenômeno e diminuir o sofrimento das pessoas, e esta é que é a questão de fundo,’’ disse Plácido.
Para aquele analista, a retirada da SAMIM, vai constituir um embaraço para as forças moçambicanas, apesar de que o seu papel sempre foi questionável.
Por seu turno, outro político, Manuel Alves, julga que o ministro da Defesa Nacional ‘’foi infeliz, porque o conflito em Cabo Delgado tem uma gênese política, daí que “o ministro não estaria a ser muito feliz ao acusar os partidos de estarem a politizá-lo’’. (VOA)