Sobreviventes do incêndio de um prédio ‘sequestrado’ em Joanesburgo vão ter alojamentos alternativos
O prédio de cinco andares que pegou fogo e ceifou a vida de 74 pessoas em Marshalltown foi alugado ao departamento de desenvolvimento provincial para servir de abrigo para mulheres e crianças vítimas de abuso antes de ser “sequestrado”.
Os sobreviventes do incêndio vão ser colocados em alojamentos alternativos, segundo as autoridades Municipais.
O mais recente balanço indica que o incêndio, registado na madrugada desta quinta-feira, matou setenta e quatro pessoas, incluindo doze crianças; feriu outras mais de 50 após um incêndio num prédio de cinco andares, que estava ocupado por moradores de rua.
Anteriormente, a cidade de Joanesburgo confirmou ser proprietária do edifício, mas disse que cartéis o tinham assumido. Autoridades dizem que a causa do incêndio mortal não é clara. No entanto ganha terreno a hipótese avançada por testemunhas de que o incêndio terá sido causado por uma vela acesa e esquecida num dos compartimentos do prédio. É que na altura não havia energia na zona onde se localiza o edifício.
Numa conferência de imprensa no local do incêndio, Ramaphosa disse que o incidente precisava de ser investigado e lições aprendidas para evitar futuras tragédias.
“É um alerta para começarmos a abordar a situação da habitação no centro da cidade”, disse o líder sul-africano.
“Esta é uma grande tragédia sentida pelas famílias cujos entes queridos morreram desta forma terrível, e os nossos corações estão com todas as pessoas afectadas por este evento. Este incidente apela a todos nós, desde os serviços de emergência e outras entidades do governo, até as organizações comunitárias, para ajudarmos a restaurar o bem-estar físico e psicológico das pessoas e oferecermos toda a ajuda material que as pessoas possam necessitar. Acredito que as investigações das causas do incêndio vai permitir que as comunidades e as autoridades evitem a repetição de uma tragédia igual”, disse.
Devido a esta tragédia, o Presidente Cyril Ramaphosa cancelou o discurso á nação, inicialmente previsto para as vinte horas de hoje para, entre outros, abordar as decisões da recente terminada décima quinta cimeira do BRICS.
As autoridades dizem que as famílias vão ser assistidas no reconhecimento dos corpos de seus entes queridos.
As autoridades provinciais de Gauteng asseguram que a atribuição de alojamentos alternativos não vai ter em conta a nacionalidade das pessoas envolvidas. Suspeita-se que muitas das vítimas sejam imigrantes.
O prédio, esta quinta-feira, incendiado, na baixa de Joanesburgo, era ocupado ilegalmente. A provincial de Gauteng enfrenta o crónico problema de falta de habitação, que afecta mais de um milhão de pessoas.
Edifícios sequestrados
Muitos edifícios no centro da cidade sul-africana de Joanesburgo, estes antigos quarteirões, abandonados pelos seus proprietários ou pelas autoridades municipais, estão cheios de famílias que muitas vezes pagam rendas aos gangues criminosos que os gerem.
Os edifícios, que não têm água corrente, sanitários ou ligação eléctrica legal, terão então sido “sequestrados”.
Muitas pessoas vivem muitas vezes num quarto, muitas vezes antigos escritórios. Incêndios são comuns – embora nada na escala daquele que pegou fogo durante a noite.
Um bombeiro que estava no local do prédio de cinco andares, em uma área chamada Marshalltown, disse que muitas estruturas semelhantes a barracos foram erguidas no interior – tornando as coisas ainda mais combustíveis.
As pessoas tendem a cozinhar em fogões a querosene e durante os meses frios de inverno – junho a setembro – o fogo é frequentemente aceso em grandes tambores de metal com madeira e outros itens encontrados como combustível. (BBC/Moz24h)