Foto: Al Jazeera
Por Estácio Valoi
12/12/19
Em três dimensões, ou 3D, Desmontar, Desintegrar e Destruir (terceira dimensão) é como vamos tentar analisar o actual estágio do país, com uma guerra de permeio, um futuro parlamento de maioria qualificada, recursos minerais e russos à mistura.
As eleições já estavam planeadas para que fossem como foram, partindo do princípio e do facto de que os outros partidos não poderiam ganhar a presidência, mas que teria um balanço parlamentar substancial e todos os meios foram usados para que o regime se mantenha no poder,
Com as fragmentações e elementos usados para desengraxar, os elementos da oposição com recurso a actos de corrupção, assim fizeram. Elementos da polícia com boletins de voto acima de 15 meteram-nos urnas.
1D: Vitória eleitoral a qualquer custo
Com o ranger de dentes derivados das detenções fora de porta de actores relevantes no promíscuo ficheiro das chamadas “Dívidas Ocultas”, a Frelimo percebeu que o cenário não lhe favorável como de costume. Era preciso ganhar a eleição de Outubro a todo custo. Para tal, Nyusi investiu sinergias pessoais, em nome da PAZ, e escalou a serra da Gorongosa e, com a morte de Afonso Dlahkama, suspiros de alívio ressoaram no silêncio com as bandas do Batuque e Maçaroca. Ossufo, apaixonado pela ribalta da fotografia, assinou um acordo de PAZ onde Nyusi sobressaiu como obreiro do processo. Mas seriam as eleições e os baldes de boletins de voto inseridos nas urnas de forma retumbante, que foram esmagadores.
Mas isto não era suficiente. Ciente do risco que corria de ter um parlamento balançado, o que seria um infortúnio para a FRELIMO, era importante também garantir a sua retaguarda face a fraude não anunciada.
O envolvimento da Rússia nas eleições moçambicanas de forma a garantir que o regime do dia permanecesse no poder, a troco de tudo e em detrimento do povo moçambicano, mesmo os que se beneficiaram dos vinhos. Uma sociedade completa levada ao abismo.
Nomeação da Buchile
Pouco antes da indigitação da Buchile, a outra ao CC, como última instância. Voto, ganhar a todo custo com o fim no judicial e com controlo na justiça, esquadrões da morte.
Nomeação da Beatriz Buchile para o seu segundo mandato, depois do seu primeiro ter começado em 2014 como Procuradora Geral da Republica (PGR) de Moçambique, que faz tempo perdeu a confiança de muitos moçambicanos devido à sua inoperância diante de crimes envolvendo principalmente as elites políticas, a sua credibilidade roça o chão, Lúcia Ribeiro foi proposta no dia 24 de Junho pelo Presidente moçambicano. Filipe Nyusi tornava-se com a chancela da Assembleia da República de Moçambique, presidente do Conselho Constitucional (CC) moçambicano.
Desta forma, Nyusi tinha o caminho aberto rumo às recentes eleições fraudulentas assim como garantir uma retaguarda segura, para rebater todas as reclamações relativas as milhares as fraudes, irregularidades e ilícitos eleitorais, denunciados pelos partidos políticos da oposição, mesmo com provas em que os partidos que perderam as Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais do passado dia 15 de Outubro têm vindo a denunciar. Contudo, o Tribunal Supremo, afirmara que;
“Muito do que é alegado para consumo da população, do povo, pode merecer diversas interpretações, diversos entendimentos, mas para o Tribunal o que conta é a prova” assim como afirmou terem sido submetidos recursos”.
2D: Apesar do maior investimento em termos sociais e humanos, o esforço frenético quer da procuradora Geral da Republica de Moçambique e seu elenco, como do ministério da Economia e Finanças de Moçambique a custear a defesa de Manuel Chang de forma a impedir sua extradição para os Estados Unidos.
Pior com a antecipação delatória de Jean Boustani, que apesar da sua absolvição pelo Departamento da Justiça dos Estados Unidos da América (EUA) pelos membros do júri do tribunal federal de Brooklyn, o caldo já estava entornado. Filipe Nyusi percebeu que seria um esforço inútil e que Chang já tem a sua cela pronta no País do “Tio Sam”. Inevitável!
Países que de alguma forma pautam não apenas pela ausência de direitos humanos, mas também pela corrupção e lavagem de capitais, o Nyusi em troca de protecção, assim como da venda de garantias pagas posteriormente vem o contingente russo, mas antes, é que Chang vai despejar tudo e Nyusi, precisava de uma retaguarda que ele achou segura, sem saber como lidar com o ocidente nesta cozinhada.
Era preciso encontrar novos aliados como a Rússia perante a pressão sob o regime de Nyusi, e responsabilizar os implicados nas dívidas à sua contra parte, a China, que mais se revelam na aquisição do que pretendem “dinheiro, negócio” a todo custo, onde a questão dos direitos humanos, corrupção…vêm em segundo plano.
3D: Recursos minerais, a salada Russa e a guerra em Cabo Delgado
Da questão religiosa ao seu aproveitamento, o caos criado para propiciar bom ambiente de contrabando de vários recursos minerais, naturais e não só, a fase das ONG’s e sua assistência que muitas das vezes não chega, e o negócio da guerra que muitas mortes vai causando e centenas de refugiados a viver em condições drásticas! A Junta Militar de Mariano Nhongo. Que saída?
Sera intenção de limpar a zona assim como aconteceu na zona dos rubis em Montepuez, em que milhares de pessoas foram deportadas…para depois acomodar mais umas cinco ou mais empresas – Multinacionais nesta área?
Não bastam mercenários quando o próprio regime não é por si só mercenário.
Controlo do gás, apoio armamentista, nesta corrida em que a Rússia vai encaixar 40 milhões de dólares, durante a Cimeira Rússia Africa, aquele País já contava com “cerca de 12 mil milhões de dólares em contractos assinados e já pagos” no fornecimento de armamento equipamento militar ao continente em moçambique e outros países da região, corrida armamentista num continente já “livre” de tantas minas que ceifaram vidas assim como a sua remoção custou bilhões de dólares. Com esta, pelas mãos da Rússia, vamos novamente entre nós andar aos tiros enquanto o Gás, Petróleo, Diamantes e outros minerais vão servindo de moeda de troca. Afinal de contas a Rússia também está interessada em outros minerais.
Saberá O Nyusi balançar as relações bilaterais entre Moçambique, ocidente que faz anos tem sido os ovos de ouro de Moçambique com a sua ajuda, investimentos e defendem os direitos fundamentais da vida, e uma Rússia e China em que estes valores são relegados para segundo plano! Apenas o lucro importa!
Mas a senda não pára por aqui.
Destruir! Nyusi, ciente de que não passará para o terceiro mandato, umas das suas premissas num Pais sem controlo do Executivo, do Judicial e da Justiça, vai a todo o custo, não só despertar o Esquadrão da Morte mas também tentar coartar as liberdades mais fundamentais, quiçá na tentativa de alteração de leis e/ou criação de novas formas de acomodar os seus interesses e do seu grupo, as organizações da sociedade civil, jornalistas, pesquisadores, a sociedade em geral submetida ao clima de terror e intimidação, serão alguns dos trunfos do homem do planalto numa espécie de “Deus dará”!?